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Tomada do Forte de Villegainon no Século 16

Sobre a que talvez tenha sido, a maior batalha naval travada na Baia de Guanabara, Rio de Janeiro, num histórico dia do século 16, quando ocorreu a tomada do Forte Coligny, também conhecido como Forte da Ilha de Villegaignon.

A batalha foi vencida por Mem de Sá, então Governador Geral do Brasil ao derrotar os invasores franceses e seus aliados, os Tupinambás. Um mapa da Baía de Guanabara de 1560 feito por André de Thevet, um cosmógrafo francês, mostra a situação da Baía e a batalha ocorrida.

Tomada do Forte Coligny em 1560 | Primeira Expulsão dos Franceses

O Fort Coligny que foi alvo principal da batalha de 1560, é forte erguido na ilha que nos dias de hoje é chamada Ilha de Villegaignon, forte este erguido pelo próprio Villegaignon. A Ilha de Villegaignon é o local onde também nos dias de hoje situa-se a Escola Naval de preparação de oficiais para a Marinha Brasileira. A Ilha está praticamente ligada aos aterros onde situa-se o Aeroporto Santos Dumont, e portanto com uma aparência bem diferente da que um dia existiu no século 16.

Tomada do Forte de Villegaignon no s�culo 16

Tomada do Forte Villegaignon, na época Forte Coligny. Click sobre para ampliar e ver legendas.

O combate foi travado em 16 de Março de 1560, comandado pessoalmente por Mem de Sá, primeiro Governador Geral do Brasil, cinco anos antes da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro.

Em 10 de janeiro de 1560, o governador geral junto com um dissidente e delator frances, embarcou em uma esquadra enviada pela corte portuguesa, dirigida por Bartolomeu de Vasconcelos Cunha, que aportou no Estado da Bahia, então capital do Brasil.

Nesta época, Villegaignon já havia retornado à França em função de dissidências internas e desgostoso, tendo passado o comando para seu sobrinho, Bois le Comte.

Ultimato de Mem de Sá à Bois le Comte

Ao chegar nas águas da Guanabara, Mem de Sá enviou um ultimato à Bois le Comte, solicitando que se retirasse em paz, utilizando-se dos seguintes termos, escrito em português arcaico, mas aqui transcrito para o português corrente:

"O Rei de Portugal, meu senhor, sabendo que Villegaignon, vosso tio, lhe tinha usurpado esta terra, fez saber ao Rei da França, o qual lhe respondeu que se cá estava lhe fizesse guerra e botasse fora, porque não era por ordem dele. E posto que, aqui já se não encontra, estais vós em seu lugar, a quem admoesto e requeiro da parte de Deus e de vosso rei e do meu, que logo abandone a terra alheia a cujo é e que vos vades em paz, sem querer, experimentar os danos que sucederão da falta".

Bois lê Comte respondeu que não lhe cabia julgar. A sua obrigação era obedecer ao tio e chefe.

De acordo com relatos, o inímigo seria mais forte em número de homens. O conselho reunido por Mem de Sá era contrário ao combate, por causa de possíveis perdas e danos que seriam necessários para manter a soberania de outras partes do território. O conselho seria formado por Vasconcelos Cunha e os demais capitães.

Tomada do Forte Coligny em 1560 - Ilustração livro André de Thevet de 1575

Tomada do Forte Coligny em 1560, representado no livro André de Thevet de 1575, cosmográfo francês que esteve na expedição de Villegaignon. Veja mais sobre esta carta ou mapa da Guanabara em 1560 mostrando como a baía o local onde nasceria a cidade do Rio de Janeiro.

Mem de Sá decide atacar

Mas provavelmente Mem de Sá, tendo o território invadido e a soberania do comando ameaçada, tendo recibido a esquadra, e viajado para o local, não teria uma melhor explicação para posteridade senão a derrota ou a vitória.

Mem de Sá como lider assumiu a responsabilidade, certamente sabendo que nem sempre se vai a guerra com os elementos que se quer, mas sim com o que se tem à mão.

Em de 15 de março de 1560, lançou ataque por terra e mar, contra número superior a centena de estrangeiros e mais de mil nativos, certamente os Tupinambás.

De acordo com carta de época, do lado português havia 120 portugueses e 140 índios aliados, certamente Temininós. Do lado francês havia cerca de mil homens no todo, 160 franceses e índios Tupinambás.

Em 16 de março, foi tomado o Fort Coligny (na Ilha de Villegaignon), e feitos 100 prisioneiros.

Após a tomada, foi celebrada uma Missa, e posteriormente o forte foi arrasado e incendiado.

Alguns podem entender que Mem de Sá errou ao abandonar o forte. Mas pode existir explicação advinda dos motivos expostos à seguir.

Porque o território e o forte não foi ocupado após esta primeira vitória

O motivo da não ocupação do forte, decorre do fato da necessidade de usar armas, munição e contingente para outras lutas ocorridas em Porto Seguro, São Paulo e Espírito Santo, atacadas por nativos. Para tal, não era possível dividir recursos e enfraquecer a pequena frota disponível.

Existe registro de carta de Mem de Sá informando à Rainha da necessidade de recursos para ocupar e povoar as terras da Baía de Guanabara em virtude da contínua e constatada cobiça por parte dos franceses. Este alertou de necessidade do ocupar o local onde viria a ser fundada a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, segundo Mem de Sá era importante para segurança de todo o Brasil, já que ele tinha convicção de os franceses voltariam para povoar o local,

O Padre Manoel de Nóbrega também escreveu carta após o combate 1º de Junho à um certo Cardeal D.Henrique (que partilhava uma Regência), comunicando e alertando que muitos franceses haviam se refugiado entre os índios enquanto esperavam socorro da França. Segundo Nóbrega, era necessário iniciar uma cidade no local como a cidade da Bahia (Salvador) para a segurança das Capitanias de São Vicente e do Espírito Santo que estavam enfraquecidas. Nobrega sugeriu que se mandasse inclusive mais moradores (colonizadores) que soldados.

Embora o território não tivesse sido ocupado, foi a primeira derrota inflingida aos invasores, na guerra local contra os franceses. E cinco anos depois, Estácio de Sá desembarcaria no Rio com a missão de fundar da Cidade do Rio de Janeiro.

Veja também a descrição do mapa da Baía de Guanabara feito por André Thevet, mostrando a situação da Baía em 1560.


Referencias e Fontes:

  • Consulta à livros sobre a história e iconografia da Cidade do Rio de Janeiro para dar suporte à criação desta página.