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Igreja de N.S. da Candelária - Arquitetura e História

A Igreja da Candelária, pode ser considerada a mais imponente e grandiosa igreja do Rio de Janeiro, não somente por suas proporções mas também por seu acabamento e grandiosa cúpula. Sua história é também interessante, advinda de uma promessa em meio à uma tempestade. A construção foi iniciada em 1775, século 18 e somente terminada nos ultimos anos do século 19.

A História da Igreja Começou Durante Uma Tempestade

A história da Igreja da Candelária, pertencente à Irmandade do Santíssimo Sacramento, se iniciou em meio à uma tempestade, quando um casal de espanhóis, António Martins de Palma e sua esposa Leonor de Palma estavam em viagem, no início do século 17, atravessando o Oceano Atlântico.

Durante o temporal que os afligia e diante do perigo de naufrágio o casal fez uma promessa de erguer uma capela no local que chegassem a salvo.

Felizmente o casal chegou a salvo no Rio de Janeiro, e aqui cumpriram a promessa de erguer com dinheiro próprio uma pequena ermida ermida à Nossa Senhora da Candelária, da qual ambos eram devotos e cuja origem era da Espanha.

Em tempos passados, não somente a igreja da Candelária, mas muitas outras tinham sua história iniciada no cumprimento de promessas.

Igreja da Candelária vista de noite

A ermida (pequena igreja) foi erguida antes do ano de 1634, ano este em que foi criada e estabelecida a paróquia da Candelária.

No ano de 1710, a ermida que se encontrava em mau estado foi reconstruída.

No ano de 1775 a pequena igreja se encontrava novamente em mau estado, e a Irmandade do Santíssimo Sacramento e seu provedor o Bispo Diocesano D. José Joaquim Justiniano Castelo Branco, decidiu erguer um novo templo, baseado em um novo e grandioso projeto, encomendado ao sargento-mor Francisco João Roscio.

O projeto foi concebido em estilo barroco, que continua preservado nas fachadas até os dias de hoje. Entretanto, o mesmo estilo não se manteve nas naves, executadas no século 19 em estilo clássico. Além do mais, acréscimos foram feitos, tendo planta passado a ter formato de cruz latina e duas torres.

A demora e lentidão na execução da obra, que durou praticamente um século, se deveu a carência de recursos. Entretanto a nova igreja foi inaugurada sem estar concluída em 1811, porém tendo a fachada pronta com muitos trabalhos em cantaria (pedra talhada), empregando granito do Rio de Janeiro.

À partir de 1858, Jó Justino de Alcântara, um ex-aluno de Grandjean de Montigny. A cúpula e o zimbório estavam lento processo de construção entre 1863 e 1868, segundo fonte consultada que se refere à relatórios da irmandade.

Em 1863 uma comissão de engenheiros e arquitetos entre eles Pedro Moreira Costa e Lima, Gustavo Waenheldt e Luiz Hosxe apresentaram relatórios ao arquiteto Justino de Alcântara. Existiu desentendimento entre eles, pois Justino de Alcântara pretendia construir uma cúpula mais baixa que as torres, com perfil parabólico baseada em estrutura metálica e cobertura de cobre.

Em 1865 Waenheldt substituiu Justino e projetou as duas cúpulas com perfil parabólico, sendo a exterior em cantaria e mais alta que as torres, e a interior em alvenaria. Waenheldt também projetou a balaustrada e oito estátuas, e todas as fachadas da igreja tem se mantido iguais desde sua época.

Entre 1868 e 1869 Bethencourt da Silva, outro ex-aluno de Grandjean de Montigny(autor do projeto do edifício que hoje abriga o CCBB), substituiu Waenheldt, e Daniel Pedro Ferro Cardoso substituiu Bethencourt em 1872 permanecendo no comando do projeto até 1874, sendo tipo como quem fez o projeto definitivo da cúpula.

D. Pedro II esteve em visita à obras da Igreja da Candelária no ano de 1878, epóca do início da decoração interna e segundo livro consultado, este chegou a sugerir um artista para os trabalhos do interior, que seria feito com pintura artística e mámores.

O principal artista escolhido para a decoração foi João Zeferino da Costa, que a revestiu de mármores coloridos, com influência italiana, trabalhando com diversos auxiliares brasileiros, todos orientados por ele, conseguindo assim um primoroso e harmonioso trabalho artistico como resultado final. Zeferino da Costa fazia parte Academia Imperial de Belas Artes, havia estado na Itália entre os anos de 1880 e 1883, onde se aperfeiçoou artisticamente. Zeferino trabalhou na Candelária em duas etapas, a primeira a partir de 1879 antes de ir para a Itália, e depois entre 1889 até 1912.

Além dos trabalhos em mármore, no teto da nave foram pintados diversos painéis contando a história da igreja e na cúpula e capela mor as pinturas versam sobre a Virgem Maria.

No ano de 1898 aconteceu a solenidade de inauguração, entretanto alguns trabalhos ainda estavam por vir.

As portas em bronze foram feitas logo depois por Teixeira Lopes, e o altar-mor pelo arquiteto Arquimedes Memória, que seria autor de grandes obras nas primeiras décadas do século 20.

Proprietário: Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária

Projeto orginal: Francisco João Roscio, de 1775. A construção foi inciada em 1775 e termindas oficialmente em 1898

Antecedentes

A primeira ermida, dedicada à Nossa Senhora da Candelária foi erguida antes de 1634

Pedra Fundamental

A igreja em seu projeto e construção mais recente, teve sua pedra fundamental lançada em 06 de junho de 1775, com a presença do Vice-Rei Marquês do Lavradio, e pessoas importantes da época, tanto da igreja, do meios militares, como da nobreza e do povo.

Estilos de Dois Séculos

A arquitetura da igreja apresenta acréscimos e elementos do século 19 juntamente com os projeto da segunda metade do século 18.

Posição de Destaque Ocorreu no Século 20

Embora as torres da Igreja já se destacassem nas pinturas de época do século 19, a sua implantação não foi pensada como estando em posição de destaque como nos dias de hoje.

A posição de destaque, que hoje acentua permite ver em perspectiva sua monumentalidade, é decorrente da abertura da Av. Presidente Vargas em 1944, quando foram feitas muitas demolições, arrasando-se os quarteirões entre duas ruas para abertura da grande avenida.

Antes da abertura da Av. Presidente Vargas, a igreja ficava sofocada e colada entre outras edificações, com sua fachada frontal voltada para uma rua estreita e com construções fronteiriças, como acontece com muitas outras igrejas do centro do Rio.

Projeto Original foi Alterado e Acréscido

O projeto original de 1775 possuía uma nave única, e foi alterado, passando a ter duas naves laterais com transepto, passando assim a ter planta em forma de cruz latina.

O projeto original com nave única foi alterado para três naves com transepto, formando uma cruz latina.

No cruzeiro ou parte comum entre a nave central e transepto, existe uma cúpula sob pendentes. A cúpula havia sido prevista no projeto do século 18, mas sua conclusão e concepção estrutural somente aconteceu na segunda metade do século 19.

Interior ao Estilo do Século 19

O interior da igreja, todo revestido com mármores em diversas cores é uma composição oitocentista, das duas ultimas décadas do século 19.

As pinturas das naves, cúpula e teto do altar-mor são também desta mesma época, final do século 19, de autoria de Zeferino Costa. As pinturas dos painéis laterais foram executadas por alunos de Zeferin, entre eles Castagnetto e Bernadelli.

As portas da igreja feitas em bronze com esculturas em relevo tem autoria do escultor Teixeira Lopes.

Referências e Fontes de Consulta

  • Relato de visita ao local, com textos e fotos do autor deste website assim como de colaboradores.
  • Consulta a livros sobre a história e iconografia do Rio de Janeiro