Trilha da Pedra Bonita

Percorrer uma trilha de fácil acesso, e de baixo grau de dificuldade que leva ao cume da Pedra Bonita nos leva ao contato com a história do local, com a natureza e belas vistas, tanto durante o percurso como quando se chega à um platô que é o topo da rocha.

Uma Trilha de Fácil Acesso

A trilha da qual se fala aqui, é uma trilha que leva ao cume da Pedra Bonita e que começa perto do estacionamento da rampa de vôo livre que situa-se igualmente na Pedra Bonita.

O ideal para quem vai fazer a caminhada pela trilha, é chegar ao local de carro, até o estacionamento da rampa de asa delta.

Um pouco antes de chegar ao local, vê-se a placa que sinaliza o início da trilha com algumas informações úteis, inclusive o tempo de duração que é de aproximadamente 25 minutos.

Partes da trilha, é pavimentada por grandes pedras, uma reminêscencia do século 18 ou século 19.

Segundo o guia que nos levou, a pavimentação foi feita por escravos, provavelmente ainda no tempo de Império. No local haviam algumas fazendas, onde no final do século 19 se cultivava flores e outros plantios. O trajeto de subida e descida de mercadorias era feito em lombo de burro.

Do lado direito, a placa que indica o caminho da trilha que começa perto da rampa de vôo livre, e fornece algumas informações e instruções. Entretanto, seja qual for o grau de dificuldade de uma trilha, é sempre aconselhavel ir com algum guia experiente e que conheça a trilha. Este é o caso de quem escreve este artigo, optei por agendar com um guia que nos levasse ao local.

Cuidados e Precauções

A trilha é considerada em termos de nível de dificuldade como caminhada leve. Não são necessários equipamentos de montanhismo ou alpinismo, mas simplesmente roupas e calçados adequados para caminhadas como tênis ou botas adequados para trilhas.

Eu que escrevo este artigo, ja estive por mais de uma vez na Pedra Bonita, mas no cume da mesma em Março de 2011, com um pequeno grupo com um guia experiente em trilhas. Talvez fosse excesso de zelo, mas além de nunca ter feito a trilha antes, a partir do ponto em que se afasta do início da trilha, o local se torna ermo e ao mesmo tempo de acesso não muito difícil, o que me fez aumentar a paranóia de assalto ao se aventurar por onde não se conhece bem. Associado à isto, existe a fator prudência quando se pensa em trilha.

Cenas da Trilha

Ao longo do caminho, as atrações são muitas e variadas, passando por matas mais fechadas e partes com vegetação mais baixa. E os cenários imediatamente ao nosso alcance como também vistos ao longe são muito bonitos, formando um belo espetáculo natural.

Algumas partes da trilha são de terra batida, e passa-se por partes de capinzal onde fica-se exposto ao sol. As partes de capinzal, ainda são partes não recuperadas ou reflorestadas, o que acarreta danos ao ecossistema da típico da Mata Atlântica, que constituía a flora original, antes da interferência humana. Além de causar danos ao ecossistema, quando o capim se encontra sêco, pode produzir queimadas acidentais, decorrentes de balões ou de tocos de cigarros jogados no mato por trilheiros que não tem a necessária consciência ecológica.

Na foto acima, o Morro Dois Irmãos e São Conrado vistos da Pedra Bonita. Por trás do Dois Irmãos fica o Parque do Penhasco Dois Irmãos e os bairros do Leblon e Ipanema. Do cume da Pedra Bonita vê-se cara a cara a "face do gigante" da Pedra da Gávea.

Durante o percursso da trilha, além de poder apreciar a flora existente, de vários pontos belas paisagens podem ser avistadas, como grandes matas, vales e montanhas circundantes. Vistas de pontos da cidade também podem ser observados, e uma vez que se chega ao topo, tem-se uma bela vista de São Conrado, da Barra da Tijuca, montanhas e orla do Rio de Janeiro.

Na foto ao lado um grande cogumelo, que aparentava ter mais de 40 centímetros de altura e talvez entre 15 e 20 centímetros de diâmetro. Passe o mouse sobre a foto para alternar a imagem e ver sua parte inferior.

Flora Original e Atual

A Mata Atlântica era a cobertura vegetal ou vegetação natural que existia no local, antes da interferência humana. Durante os tempos coloniais, com execessão dos locais de mais dificil acesso, muito desta mata foi derrubada para o plantio e para o então valioso uso da madeira para os mais diversos fins, inclusive carvão.

Com relação à mata original, sobrou pouco, e o pouco que sobrou se concentra nas áreas de acesso difícil e complicado.

Entretanto, a mata que se vê no local é uma floresta secundária da Mata Atlântica, mesclada com várias espécies diferentes e exóticas, que cresceu e floresceu depois da desocupação das fazendas. Entretanto ainda existem algumas áreas de capim, que precisam ser replantadas.

Durante o segundo Império, tempo de D. Pedro II, este desapropriou muitas terras da Floresta da Tijuca para o replantio com fins de recuperação das matas e mananciais, mas a área da Pedra Bonita e Pedra da Gávea e Pico da Agulhinha era muito distânte e não foi abrangido pelo projeto de replantio original. A área continuou a ser ocupada por pequenos sitiantes até que fosse progressivamente abandonada na primeira metade do século 20. Com a desocupação, a floresta secundária tem avançado em processo de reflorestamento natural, embora constantemente ameaçado por incêncidios nos capinzais que ainda existem em alguns locais.

Fauna Original e Atual

Da fauna original, quanto aos animais de maior porte, certamente pouco ou nada resta no local. A fauna atual, como conhecida, é majoritariamente constituída de pequenos animais tais como paca, tucano, lagarto, cobras, gaviões, mico, gambá e etc.

Trilha Pictoresca Com Caminhos Históricos

Além da vegetação circundante ser muito bonita e densa em alguns trechos, as partes pavimentadas com antigo calçamento de pedras dão um aspecto muito pitoresco à trilha, formando um espetáculo à parte, mesclando história e natureza. Enfim passa-se por caminhos que foram feitos à longos anos, que fizeram parte da história de pessoas e sítios que respectivamente habitaram e existiram no local.

Como mostra a foto acima, partes da trilha, é pavimentada por uma espécie de calçamento do tipo "pé de moleque" com pedras grandes, ainda do século 18 ou século 19. Segundo informou um guia que conduziu o trajeto da trilha,a pavimentação foi feita por mão de obra escrava, com intuito de facilitar o caminho para as fazendas e algumas casas de pessoas que habitavam o local. A subida ou descida, principalmente quando carregando carga, ela feita em lombo de burro.

Este tipo de caminho, com este tipo de pavimentação era usado em estradas de serra, em tempos passados, onde o transporte era feito por animais de carga. O Caminho do Ouro, que ligava Paraty ao Vale do Ribeira, também possui pavimentação do mesmo tipo.