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Ilha de Paquetá e os Tamoios

Vista panorâmica da Praia dos Tamoios em PaquetáA Praia dos Tamoios em Paquetá leva este nome em homenagem aos Tamoios, na verdade os índios Tupinambás que juntamente com seus rivais os Termininós eram os habitantes primitivos das terras ao redor da baía da Guanabara.

Mas teriam os Tamoios, realmente habitado a Ilha de Paquetá? Acima, em montagem sobre foto, uma familia Tupinambá, ilustração de livro de 1578.

Lendas e Fatos | Teriam sido os Tamoios realmente os primeiros habitantes de Paquetá?

Existe a idéia de que, antes dos Portugueses, a ilha teria sido habitada por índios Tamoios. Primeiramente, o nome Tamoios é uma denominação genérica dado aos indíos Tupinambás que juntamente com seus rivais e inimigos, os Termininós, foram os primeiros habitantes das terras circundantes da Baía de Guanabara. O que é certo e se sabe, é que os Termininós, foram habitantes da Ilha do Governador antes de serem expulsos pelos seus inimigos, os Tupinambás, em guerras ocorridas no século 16, antes da fundação da cidade do Rio de Janeiro.

Indo adiante, segundo afirma o escritor Vivaldo Coracy, que foi morador da Ilha de Paquetá, a afirmação de que os Tamoios teriam habitado a Ilha de Paquetá não é correta, e na verdade seria uma lenda, e vejamos alguns pontos interessantes utilizados para compreender a situação.

Os argumentos do escritor parecem convincentes, e eu os lí no livro de sua autória "Paqueta", da Editora José Olympio, edição de 1965. Segundo ele não existe base ou evidência histórica ou arqueológica para afirmar que os Tamoios teriam sido os primeiros habitantes da Ilha.

A Praia dos Tamoios que fica à direita de quem chega da estação das barcas é vista na foto abaixo.

Praia dos tamoios na Ilha de Paqueta

É uma praia tranquila, com faixa de areia estreita e aguas calmas, como em toda a ilha. Bem distante ao fundo, as pedras roliças no mar que compoem tipicamente o cenario local.Familía de Tupinambas no século 16

Ao lado uma familía de Tupinambas, em ilustração do século 16, contida no livro do missionário Jean Lery, que teve convivência pacífica com os Tupinambás.

Jean Lery era francês e esteve no Brasil no tempo da invasão de Villegaignon, tendo vivido com os índios por alguns mesês.

A ilustração do livro é de Teodore de Bry. Veja em outra páginas sobre os primeiros habitantes da Guanabana.

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Além de não existirem evidências históricas, já que não existem documentos aludindo a presença de índios na ilha, no local nunca foram encontrados cerâmica primitiva fragmentada, igaçabas (talhas ou potes de barro), e nem traços de aldeias ou qualquer tipo de vestígio que pudesse comprovar a a permanência de indígenas na ilha.

Mais do que isto, existe um outro fato que impediria a morada de indígenas na ilha. Na ilha de Paquetá não existem fontes, córregos ou outros tipos de manciais (fontes ou nascentes de água potável). E os indíos brasileiros da região não tinham conhecimento sobre cavar poços, cisternas e nem cacimbas para captação e armazenamento de águas de chuva. E certamente, nenhum índio beberia água do mar.

O que o escritor alega é que, seria possível que os primitivos habitantes das margens da baía de guanabara, fossem eles Tamoios (Tupinambás), Teminonós ou de outras tribos, pudessem visitar a ilha estando de passagem com suas canoas, talvez passando alguns horas na ilha à procura de frutos silvestres ou com intuito de conhecer o local. Mas não existe sustenção para dizer que habitavam a ilha.

Mas se Paquetá não tem fontes naturais de água potável, então de onde viria a água para os que vieram a habitar a Ilha?

Em tempos antigos, cavavam-se poços e esta água encontrada era mais utilizada para irrigação e usos domésticos, por ter um pouco de sal, não tão alto quanto ao nível de sal da água do mar, mas acima da quantidade normal encontrada em água doce.

Provavelmente, para obter água potável, talvez utilizassem cacimbas e cisternas para coletar as aguás provenientes de chuvas, que são potáveis. Entretanto, dizem que existiam alguns poços e minas onde era encontrada água potável.

Existia também a prática de vender água, que vinha transportada por uma barca com uma frequência determinada e constante. Esta água então era também vendida através de carro pipa, provavelmente puxado por cavalo.

Deve-se notar que, em tempos coloniais remotos, inclusive no Rio de Janeiro, esta prática de vender água existia, quando não havia o chamado abastecimento nas casas e residênciais como é conhecido nos dias atuais. Existia a figura do "aguaceiro" ou vendedor de água.

Na primeira década do século XX, foi construída uma linha submarina que abastece Paquetá, linha está que vinha de um rio de Magé. Hoje não existe escasses de abastecimento na Ilha.

A Praia dos Tamoios é a Antiga Praia do Estaleiro

Segundo o escritor Vivaldo Coracy, o antigo nome da Praia dos Tamoios era Praia do Estaleiro, que carregava este nome por razões históricas, devido à ter existido naquele local estaleiros de fabricação e manutenção de embarcações.

A existência de numerosas embarcações, principalmente nos tempos coloniais em que a indústria de cal, material para construção que era produzido na ilha, estava no auge, acarretava a necessidade de fornecer trabalhos de conservação e reparos de embarcações para o transporte da produção. E acredita-se que mais de um estaleiro tenha existido no local.

O nome da praia foi mudado por proposta do pintor Pedro Bruno, antigo morador da Ilha, da primeira metade do século 20, com intuito de homenagear de forma genérica, fantasiosa e romantizada os indios, que foram os primitivos habitantes das terras que margeavam a Baía de Guanabara.

Praia dos Tamoios em Paquetá - Enseada com pedras roliçasPraia dos Tamoios e vista do mar

Acima fotos da Praia dos Tamoios, em Paquetá.

Referencias e Fontes:

  • Relato de visitas do autor desta página ao local com fotos do próprio autor.
  • Diversos livros sobre a história e iconografia da Cidade do Rio de Janeiro e Paquetá para dar suporte à criação desta página.