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Praias Fantasmas | Antigas Praias do Rio

Em tempos passados, até o final do século 19, todo o Rio de Janeiro era cercado de praias. Depois surgiram os aterros para que a cidade ganhasse espaço, e assim muitas praias deixaram de existir.

Ou melhor, continuam a existir nos livros e nas memórias, como magníficos cenários de outrara ou fantasmas de um tempo distante, que a muito se foi. Veja também sobre as praias atuais.

Praias Antigas e Extintas

Praia de Botafogo em 1840, de Karl R. Von PlanitzÉ sobre antigas praias do Rio que não mais existem que falo neste artigo.

Para que a cidade ganhasse espaço, muitos aterros foram feitos e assim muitas praias e enseadas ficaram na história assim como muitas das antigas lagoas da cidade. Praia antigamente não era vista apenas como vemos nos dias de hoje, como mero local de banho e lazer.

As Praias nos Tempos Passados

Ao longo dos séculos, desde o início da colonização, na primeira metadade do século 16, a cidade do Rio de Janeiro cresceu à partir do litoral. Era através das praias que os Portuguêses desembarcavam e partiam, pois o único meio de transporte para além-mar e locais distantes do próprio Brasil e do Rio de Janeiro era através do mar com suas embarcações.

As praias não eram tidas como local de mero lazer como nos dias de hoje. Não era usual banho de mar, mas o mar era de vital importância para os transportes e subsistência, como a pesca. Então praia era um ponto de referência de embarque e desembarque de pessoas e cargas, assim como de local de chegada e partida para pesca de barco, assim como para pesca com redes tipo arrastão ou através de currais de peixes.

Praia do Flamengo em 1878 - Pintura a óleo de Facchinet

Acima a Praia do Flamengo antes dos aterros sucessivos. No início do século existiu o primeiro aterro para a construção da Av. Beira Mar e posteriormente o mar ficou mais afastado com a construção do aterro ou Parque do Flamengo.

Praia no bairro da Saúde em 1906

Praia no bairro da Saúde em 1906, em pintura óleo sobre tela. Observe que, até esta época, antes dos aterros para a construção do Porto do Rio no início do século 20, uma das principais atividades do bairro era a pesca.

Praia da Gamboa em 1840, pintura de Buvelot

Praia da Gamboa em 1840, em pintura óleo sobre tela. A Gamboa assim como sua vizinha saúde, eram uma área de pescadores. Do lado esquerdo da pintura, pode-se ver o cemitério dos Ingleses. Toda esta pequena enseada que se vè à frente foi aterrada no início do século 20 para a construção do Porto do Rio. Hoje, em frente ao cemitério dos Ingleses, sobre a área aterrada está a Cidade do Samba, construída em terrenos que não são mais utilizados por atividades relativas ao porto, que tem sido desativado na área desde as ultimas décadas do século 20.

Os Aterros e a Extinção de Algumas Praias

Até o final do século 19, quase todo o litoral da cidade do Rio de Janeiro, ainda era cercada de praias. Ou seja, de um lado as montanhos, no meio faixa de terras e lagoas, e do outro lado o mar.

Com o decorrer dos anos e dos séculos, muitas lágoas e áreas alagadiças de terra baixa, onde o mar penetrava foram aterrados para que a cidade ganhasse mais áreas e espaços. E em algumas áreas da cidade, muitas praias e lagoas deixaram de existir como a Lagoa do Boqueirão em frente ao antigo Aqueduto da Lapa, onde se encontra o Largo da Lapa e área onde foi construído o Passeio Público nos tempos coloniais.

No início do século 20, a cidade passou por inúmeras transformações urbanisticas com desmonte de alguns morros e muitos aterros. Desapareceram a Praia do Russel na Glória, a Praia da Ajuda onde foram feitos aterros em frente à Cinelândia, a Praia de Santa Luzia que ficava em frente à Igreja de Santa Luzia no Centro da Cidade, a Praia Dom Manuel e Praia do Peixe que ficavam uma de cada lado da Praça 15, bem como a própia praia em frente a Praça 15, que chegava próxima à Rua Primeiro de Março no início da colonização, foi cada vez ficando mais afastada até se tornar cais de barcas, assim desaparecendo do cenário natural.

Entre a Praça 15 e Praça Mauá, tudo era faixa de praia e a chamada Prainha ficava onde hoje é a Praça Mauá. Existiram também praias em frente ao bairro da Saúde que chegava até a Rua Sacadura Cabral, assim como a Praia da Gamboa que era local de pescadores, e o Saco ou pequena Enseada do Alferes na mesma área. Estas áreas da Saúde e Gamboa foram aterradas para construção do Porto do Rio de Janeiro no início do século 20.

O Saco de São Cristóvão com a Praia de São Cristóvão foi totalmente aterrado, pois havia uma grande entrada de mar onde é o atual bairro do Santo Cristo e onde está a Rodoviária Novo Rio e Rua Franscisco Bicalho, sendo que este aterro se estendo às áreas do porto Porto do Rio e armazens do porto em direção à São Cristóvão. Muitas áreas do Porto, hoje estão em partes desativadas e passando por um processo de reutilização urbanistica. Entretanto, tudo aquilo era banhado pelo mar, tendo faixas de áreas e cenários pitorescos.

Onde era o Saco de Cristóvão, no local foi construído um canal pela Rua Francisco Bicalho que se curva e se prolonga até perto da Praça Onze, na Av. Presidente Vargas.

A área da Ávenida Presidente Vargas e Cidade Nova era toda alagadiça, um manguezal, e começou a ser aterrada no tempo de D. João VI, após sua chegada ao Brasil e após se estabeler na Quinta da Boa Vista. Devido ao antigo manguezal, o canal que passa ao centro da Av. Presidente Vargas é chamado de canal do Mangue, assim como aquela área já foi também chamada de Aterrado ou Mangue por causa dos antigo Manguezal de São Diogo.

Para os aterros e construção das áreas Porto do Rio no início do século 20, foram utilizadas principalmente as terras do desmonte do Morro do Senado, que ficava no local onde é hoje a Praça da Cruz Vermelha, na Lapa.

Para os aterros que foram feitos em volta da Praça 15, foi utilizado material e terra do desmonte do Morro do Castelo em 1922, que fica onde é hoje a esplanada do Castelo.

Para a construção do Aterro do Flamengo, e área onde fica o Museu de Arte Moderna, foi utilizada a terra do desmonte do Morro de Santo Antônio, que ficava no local onde hoje existe a Av. Chile e nova Catedral do Rio de Janeiro. Apenas uma pequena parte do Morro de Santo Antônio ficou de pé, onde situa-se o Convento de Santo Antônio e suas Igrejas, em frente ao Largo da Carioca.

Enfim, inúmeras belezas naturais como as antigas praias que um dia eram recantos paradisíacos do litoral, principalmente no início da colonização, foram aterradas em nome do progresso no início do século 20.

A Lagoa Rodrigo de Freitas, teve cerca de metade sua área original aterrada. Inúmeras praias existiam ao longo da mesma assim como áreas de mangues. Se Ipanema e Leblon não tivessem sido ocupados pelas construções da cidade, o que existiria entre a Lagoa e estes bairros seria um imenso areal tendo uma nesga de mar ligando a Lagoa através do local onde se chama Jardim de Alah.

Inúmeras áreas alagadiças e antigas lagoas da cidade também foram aterradas. No atual Largo da Carioca também existia uma lagoa que foi anterrada antes do século 19, assim como as áreas da Praça Jose de Alencar e Largo do Machado também eram alagadiças, e a cidade como se apresenta hoje, não existiria se estas áreas não tivessem sido ocupadas.

Referências

  • Livros diversos sobre o Rio de Janeiro e sua História e Iconografia que foram consultados para dar suporte ao artigo desta página.