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Marquesa de Santos e Dom Pedro I

Retrato da Marquesa de Santos e local onde residiu no Rio de Janeiro

Dom Pedro I, por algum tempo, durante seu primeiro casamento, teve um romance que se tornou público e notório, com uma dama que por sugestão dele, morou em um palacete conhecido como Casa da Marquesa de Santos a poucos metros do Paço Imperial.

Sobre a Marquesa

A Marquesa de Santos ou Domitília de Castro e Canto Melo, é mais conhecida por ter sido amante de Dom Pedro I tendo inclusive filhos com o Imperador. Não fosse este fato, ela teria sido apenas uma das inúmeras aristocratas do tempo do primeiro reinado, possivelmente não teria recebido um título de nobreza.

Ela vinha de uma familia de boa situação social e econômica, da cidade de São Paulo, família esta com alguns militares de alta patente. Seu pai era tenente-coronel, e posteriormente promovido a marechal de campo e recebeu o título de Visconde depois do romance da filha com o Imperador.

Nasceu em São Paulo, capital, em 1797 e faleceu em 1867. Mais abaixo, vemos um retrato em pintura da Marquesa de Santos.

Durante o tempo que morou no Rio de Janeiro, Domitila foi também senhora de engenho, mais precisamente falando, foi proprietária do Engenho do Mato da Paciência, um engenho próspero ao seu tempo.

Ela havia se casado anteriormente aos 16 anos de idade, o que era comum naquela época. Seu noivo era um alferes de Vila Rica.

Se casou em 1813 e separou-se em 1824, tendo tido três filhos. Segundo dizem não foi feliz no casamento, tendo sido seu marido um homem violento, chegando a ser espancada e esfaqueada pelo mesmo no ano de 1819.

O Título de Marquesa

O título de Marquesa (título nobiliárquico) foi concedido pelo próprio Dom Pedro I, sendo que, segundo relatos, ela nunca esteve na cidade de Santos, no estado de São Paulo.

A referência da cidade no título da Marquesa, acredita-se ter sido uma afronta e ironia à três irmãos que eram muito influentes na política do primeiro reinado. O irmãos Andrada e Silva eram de Santos e José Bonifácio foi o que mais se destacou entre eles, sendo hoje conhecido como o Patriarca da Independência. Como eles criticavam a atitude infiel do Imperador, e eles eram de Santos, provavelmente vem daí o fato de ter a ela concedido o título de Marquesa de Santos.

Ela foi a primeira e única Marquesa de Santos, tendo recebido o título em 1826. Um ano antes ela havia recebido o titulo de Viscondessa.

Retrato da Marquesa de Santos

A Relação da Marquesa com Dom Pedro I

D. Pedro I tinha fama de "mulherengo", e já tinha tido 2 amantes francesas e acredita-se, havia sido também amante da irmã de Domitila que viria a ser a Marquesa de Santos. A irmã de Domitila ostentava o título de Baronesa de Sorocaba, e tivera um filho ilegítimo do imperador. Não se sabe se Domitila tinha conhecimento do filho ou do romance com sua irmã, embora acredite-se que ela veio a saber posteriormente.

Dom Pedro I a conheceu no ano de 1822, ano da Proclamação da Indepêndencia, um pouco antes de 7 de Setembro. No ano seguinte D. Pedro I trouxe Domitila para o Rio e providênciou-lhe uma residência em Mata-Porcos, num sobrado numa rua chamada Barão de Ubá. O local que já se chamou Mata-Porcos é hoje conhecido como bairro do Estácio. Em 1826, a Marquesa ganhou do Imperador a que posteriormente também viria a ser chamada de "Casa Amarela", ou Casa da Marquesa de Santos, que hoje é o Museu do Primeiro Reinado.

Entretanto, existe versão onde se se afirma que foi ela mesmo quem adquiriu o terreno e a casa com recursos próprios, que até então não era suntuosa. E talvez D. Pedro I tivesse auxiliado na reforma ou assumido os gastos da reforma, tornando a casa uma mansão neoclássica com muitos trabalhos de pintura e decoração internos.

Após o falecimento da Imperatriz Leopoldina, a Marquesa sonhava ver os filhos que tivera com o imperador legitimados, o que os tornaria príncipes de sangue. E certamente sonhava se tornar Imperatriz.

Em 1829 D. Pedro I termina seu relacionamento com a Marquesa. Não se sabe se a causa foi o possivel descobrimento do romance e filho que o imperador teve com sua irmã. Mas acredita-se que o motivo do término da relação teria sido o anúncio do segundo casamento de D.Pedro I, então viúvo casa-se com Dona Amélia, ou Amélie Auguste Eugénie de Leuchtenberg, uma alemã de sangue nobre, que se tornaria a segunda Imperatriz do Brasil.

Os sofrimentos causados à sua falecida esposa Dona Leopoldina eram mal vistos pelas cortes da europa e meios políticos, e o mínimo que se esperava e se exigia era o o termino da relação com a Marquesa e seu afastamento da corte.

Em 1829, com o fim da relação, Domitila mudou-se para São Paulo, e D.Pedro comprou de Domitila o palacete que lhe havia presenteado por uma boa quantia.

A Vida de Domitila em São Paulo

Em 1833, a Marquesa passou a viver com o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, casando-se com ele em 1842, e tendo 4 filhos.

Durante anos a Marquesa levou uma agitada vida social, e sua casa foi o centro da sociedade paulistana, onde reunia artistas e promovia saraus literários, bailes animados e inclusive bailes de máscaras.

A casa onde ela morou em São Paulo ainda existe, e hoje é um museu aberto à vistação, com o nome de Solar da Marquesa de Santos. Voce pode visitar em www.museudacidade.sp.gov.br/solar-imagens.php

Quando idosa, a Marquesa mostrou-se uma senhora caridosa e devota. Socorria pessoas desamparadas, fez caridade protegendo miseráveis e famintos, cuidou de doentes e ajudou estudantes da famosa e tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco localizada no centro de São Paulo.

Seu corpo está sepultado no Cemitério da Consolação, cemitério este que se localiza em terras que a ela pertenceram, e por ela foram doadas para a criação do cemitério.