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Chafariz das Saracuras - Ipanema

Chafariz histórico dos tempos coloniais na praça General Osório em Ipanema

Na Praça General Osório em Ipanema, existe um chafariz dos tempos dos Vice-Reis, que foi transladado para o local em função da demolição do antigo Convento da Ajuda, que ocupava parte da área onde hoje é a Praça da Cinelândia. A autoria do chafariz é atribuída a Mestre Valentim e sua placa data de 1795.

Sobre os Antigos Chafarizes do Rio de Janeiro

Para muitas pessoas, alguns antigos chafarizes passam despercebidos porque não produzem espetáculo com jatos d´agua. E mesmo quando alguns sejam verdadeiras obras de arte ainda escapam dos olhares.

Quando se pensa em chafarizes hoje em dia, imagina-se algo feito apenas para enfeitar uma praça e produzir jorros de água com finalidade contemplativa, ou seja de produzir apenas beleza.

Mas os antigos chafarizes, em tempos passados eram bebedouros públicos e pontos de abastecimento de água para a população da cidade.

Ou seja, embora fossem muito bem trabalhados artisticamente, e feitos em pedra talhada ou esculpidos, tinham primordialmente uma função prática e não meramente estética.

Existiam vários chafarizes famosos distribuidos pela cidade do Rio de Janeiro. Para resumir, pode-se enumerar o chafariz da Praça Quinze, de autoria de Mestre Valentim que supria água para aquela área.

Outro chafariz que foi de inestimável importância para a cidade durante os tempos coloniais e império, era o chafariz do Largo da Carioca que não mais existe, que inicialmente era em estilo colonial barroco e posteriormente foi reprojetado e reconstruído em estilo neoclássico por Grandjean de Montgny, aparentando um "horroroso" e monstruoso mausoleu.

A água que abastecia o chafariz da Carioca, chegava através do Aqueduto da Lapa, hoje conhecido como Arcos da Lapa.

E por sua vez, a agua que vinha do Aqueduto da Lapa com início no Morro de Santa Teresa, perto do convento de Santa Teresa, vinha de uma ramificação puxada do Rio Carioca, que desce pelo encosta do Silveste.

Provavelmente o nome "Largo da Carioca" deve ser em função da agua boa que vinha do Rio Carioca, através do Aqueduto e chegava ao chafariz. Nas imagens animadas ao lado, mais acima, o chafariz historico transladado para a Praça General Osório.

Porque Chafariz das Saracuras?

Chafariz das Saracuras, é um chafariz historico transladado para a Praça General Osório em no bairro de Ipanema. Saracura é o nome de uma ave de pernas compridas ou "pernaltas". Como existem esculturas destas aves no chafariz, daí veio o nome.

Detalhes e Ornamentos do Chafariz

Chafariz historico na Praça General Osório

Abaixo fotos dos detalhes ampliados do chafariz, onde existe um brasão e adornos barrocos no poste central. Para ver em tamanho maior, clique sobre as fotos.

Poste central do chafariz com um brasão e adorno em formas barrocas

Poste central do chafariz com um brasão e adorno em formas barrocas.

Tartaruguinhas em ferro adornam adornam o chafariz

Pequenas tartarugas de metal adornam o topo de cada uma das 4 peças de pedra semicirulares que separam os bebedouros voltados para o patamar interno das 4 tanques, tanques estes voltados para o exterior com suas bicas. Se observamos bem os detalhes, vemos que as tartaruguinhas estão com o pescoço inclinado para baixo e voltadas para os bebedouros internos.

O Antigo Chafariz do Convento da Ajuda

O chafariz que fica no centro da Praça General Osório em Ipanema antigamente ficava em um Convento que não existe mais, no centro do Rio. Mas para entender como o chafariz veio parar em uma praça de Ipanema, é preciso voltar um pouco no tempo.

No início do Século 20, após a proclamação da República a cidade do Rio de Janeiro passou por inúmeras transformações e por uma devastadora onda de demolições. Se isto ocorresse na Europa, seria dificil imaginar que não haveria inúmeros protestos com relação à destruição de patrimônio histórico e cultural.

Entretanto, a mentalidade predominante na época do então Prefeito Pereira Passos, era de modernizar a cidade do Rio de Janeiro abrindo largas avenidas e amplas praças, e promovendo uma nova arquitetura para a época, uma arquitetura de padrões neoclássicos enfeitados por inúmeros tipos de adornos, o que se poderia chamar de ecletismo.

A mentalidade predominante era que ruas largas e amplas eram sinonimo de higiene em oposição à ruas estreitas dos tempos coloniais e do Império. Ainda bem que este conceito não foi aplicado em muitas das antigas cidades da Europa e Itália, do contrário muitos patrimônios da humanida teriam sido perdidos. Talvez os Europeus já soubessem que não são ruas exatamente largas que promovem higiene, mas talvez um bom banho e bons cuidados com a população.

Em nome do que se julgava progresso, foram destruídas e demolidas sitíos históricos, envolvendo locais dos primeiros assentamentos e construções históricas como as do Morro do Castelo. Na região central da cidade muitas construções e igrejas históricas foram demolidas. O Prefeito Pereira Passos, com o aval do Governo Federal, era visto por uns como grande transformador. Mas por outros como grande demolidor do patrimônio cultural.

Enfim, no final das contas, o Convento da Ajuda que ocupava grande parte da Praça da Cinelândia, do lado onde fica o prédio e Bar Amarelinho também foi demolido, para coroar a finalização da Avenida Central recém aberta e alargada no centro da cidade, que vai da Praçá Maua até a Cinelândia. A av. Central teve seu nome mudado, e hoje é a atual Av. Rio Branco.

O Convento foi demolido com intuito de ganhar espaço para a nova praça, e a única parte que foi preservada, além das fotos é o chafariz do convento, que foi transladado para a Praça General Osório em Ipanema.

Referências

  • Relato de visita ao local pelo autor desta página.
    Consulta a livros sobre o Rio de Janeiro e sua história para dar suporte à criação desta página.