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História do Convento de Santa Teresa

A história do Convento de Santa Teresa e sua Igreja, se iniciou na primeira metade do século 17 à partir do sonho de uma moça que decidiu se dedicar ao culto de Deus. A concretização do sonho se deu com a ajuda de um benfeitor, o Governador Gomes Freire.

Antecedentes e Fatos Anteriores à Criação do Convento

De acordo com escritor G. Cruls, o Convento de Santa Teresa seria a realização de um sonho de uma menina nascida em 1715, e que desde pequena tinha visões e demonstrava muita vocação religiosa.

O nome desta menina era Jacinta Pereira Aires, e quando esta se tornou mocinha, decidiu por vontade se dedicar exclusivamente ao culto de Deus. Ela possuía boa situação social e resolveu desligar-se de sua familia residente no antigo local do Rio chamado Mata-Cavalos (hoje o local é conhecido como Estácio, na Rua Riachuelo). Passou a viver na Chácara da Bica, uma chácara abandonada que foi adquirida por um tio paterno, dando-lhe de presente para satisfazer seu desejo. Esta chácara ficava no mesmo Caminho de de Mata-Cavalos.

Convento Santa Teresa vista da Lapa - 1837-1841

Com muito custo e sacrifícios, pouco a pouco, e auxiliada apenas por uma irmã que dicidiu acompanha-la neste desprendimento de coisas terrenas, começou a levantar uma ermida muito modesta consagrada ao Menino-Deus. Para tal, ela contava também com o auxílio do Bispo e também de esmolas e doações particulares. (Nota: Ermida é uma capela ou pequena igreja geralmente afastada do povoado ou região central de antigas cidades).

Após um certo tempo, o local de recolhimento foi ficando conhecido pela pobreza e virtude das fundadoras, e começaram a abrigar outas moças, então donzelas, interessadas em se ingressarem em definitivo numa comunidade religiosa. Até aquele tempo, a condição delas era de leigas e humildes servas de Deus, ou seja, não eram freiras. Entretanto o desejo de Jacinta era o de pertencer à ordem de Santa Teresa de Jesus.

Alguns anos se passaram, e o então Governador Gomes Freire de Andrada (1685-1763), resolver ajudar a concretizar seus propósitos, e mandou constuir no Morro de Santa Teresa o convento que até hoje abriga as Carmelitas descalças.

A Antiga Capela do Menino-Deus da Chácara da Bica

Quanto à Capela do Menino-Deus, que fica do lado esquerdo do antigo Mata-Cavalos, atual Rua Riachuelo, ainda permanece no local, situada entre a Rua dos Inválidos e Rua Francisco Muratori. A capela esta modificada, tendo sido reformada e modificada na primeira metade do século 20.

Capela do Menino Deus, na Rua Riachulo | Lapa

Diz-se que na reforma da primeira metade do século 20, alguns objetos que pertenceram originalmente à capela, e que estiveram em guarda por muitos anos no Convento de Santa Teresa, à ela foram retornados. Entre estes objetos estariam a própria imagem do Menino-Deus, um cálice e os sinos.

A foto ao lado mostra Capela do Menino Deus, com sua aparência atual.

A Antiga Ermida do Morro do Desterro

Nesse local onde foi erguido o convento de Santa Teresa, já havia existido uma ermida, desde metade do século 17, que depois se tornaria uma igreja. Esta iniciativa anterior, se deve à um homem chamado António Gomes do Desterro.

Em função deste sobrenome, o morro era chamado de Morro do Desterro. Somente após a criação do convento de Santa Teresa o local passou a ser conhecido como Morro de Santa Teresa.

Jacinta frequentou a antiga capela de Nossa Senhora do Desterro durante sua infância, e devido à este fato, o desgosto de terem de abandonar a Chácara da Bíca foi menor. Entretanto elas preferiam ver o novo convento construído na Chácara da Bica, e a primeira ideia de Gomes Freire era construí-lo na chácara. Provavelmente, por determinações da época, o Vaticano recomendava construções sólidas e em local elevado, geralmente sobre morros, para garantir a segurança.

A Construção do Convento e a Realização do Sonho

Para abrigar as professas enquanto o convento não estivesse pronto, foram feitas obras para adaptar uma casa junto à Igreja do Desterro, que havia sido ocupada anteriormente por monges capuchinhos italianos. E para esta casa elas se mudaram em 1751.

O Governador.Gomes Freire, não viu a conclusão da obra do convento, pela qual tanto se empenhara, tendo falecido em 1763. Entretanto, a capela-mor da igreja já se encontrava em condições de lhe recolher os despojos.

O convento é de construção robusta, arquitetura forte e basicamente renascentista mas com detalhes barrocos em cantaria. Possui dois pavimentos, com a maior face direcionada para o sul, as janelas são protegidas por gradaria de ferro muito robusta, com pontas de ferro farpantes em direção ao exterior. 

A igreja fica à frente e a janelas da igreja também são guarnecidas com o mesmo tipo de grade.

Segundo a descrição do escritor G. Cruls, o altar-mor venera a Sagrada Familia em sua fuga para o Egito, como queria António do Desterro, cujo nome Desterro fazia referência à essa passagem do Evangelho. E nos outros altares existem também imagens antigas de Nossa Senhora do Carmo e de S. João da Cruz. Estas últimas, foram oferecidas a Jacinta quando ela ainda habitava a Chácara da Bica.

Segundo G.Cruls, a criação da Ordem do Carmelo, ainda passou por dificuldades. O Bispo àquela época se opunha, e preferia que a Madre Jacinta e as irmãs em Cristo professassem na Ordem de Santa Clara. Devido à este fato, somente em 1781, quando a superiora já havia falecido, que existiu uma grande solenidade, quando as primeiras carmelitas do Rio tomaram o hábito e segregaram na clausura.

Placa de Marmóre | Ônus de Missa

Na sacristia da Igreja do Convento de Santa Teresa, existe uma placa de mármore afixada na parede com texto entalhado na mesma em alto relevo. Este texto se refere ao ao ônus de Missa, ou seja, com o nome das almas pelas quais devem ser rezadas as missas e suas respectivas datas.

Placa de mármore | Onus de Missa

Abaixo o texto constante do título e dos dois primeiros itens da placa de marmóre:

"Onus de Missas Que Onera o Patrimonio do Convento de Santa Teresa

I - No 1º dia livre do mês de Janeiro de cada ano, perpetuamente: Missa de Requie com libera-me, cantados, em sufragio da alma do Exmo. Snr. Gomes Freira de Andrade, Conde de Bobadela, Fundador e Patrono do dito Convento.
II - No dia 2 de Outubro, ou no primeiro dia livre, Misse de Requie, com libera-me, cantados, em sufragio da alma da Reverenda, Madre Jacinta de S. José, Fundadora e 1ª Priora do dito Convento."

Referências

  • Consulta a livros diversos sobre a história e iconografia do Rio de Janeiro para dar suporte à criação desta página.
  • Fotos tiradas no local pelo autor desta página em visita ao exterior do convento e interior da igreja do convento.