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Natal, Festas e Tradições Natalinas

Cena da Natividade | Pintura renascentista de Botticelli

Falar de festejos de Natal nos remete a falar também das tradições natalinas. Muitos festejos e antigas tradições continuam vivas ao longo do tempo e na cultura das cidades, como os presépios, árvores de natal, a figura do Papai Noel, os presentes, as ceias de natal e a missa do galo. Outros costumes perderam intensidade ou se manifestam de forma menos intensa.

Preparativos e entretenimentos de Natal

Ao falar em Festejos de Natal e suas as tradições podemos usar a palavra época para denominar um período de tempo que se repete a cada ano e também no sentido de diferentes tempos, presente e passado.

É nestes dois sentidos que fala-se aqui da época de Natal. Mas com especial destaque, fala-se também das tradições que mudaram com o decorrer dos anos, como era o Natal em épocas passadas em comparação com os dias de hoje.

Em tempos passados, a época do Natal era um tempo de grande movimentação e euforia. O Natal era uma época aguardado com muita ansiedade tanto pelas crianças como também pelos adultos.

Existia menos diversões e locais para ir nas cidades, e a industria de entretenimentos não provinha tantas opções ao longo do ano como existe nos dias de hoje.

O Natal era uma época especial, não somente espiritualmente falando como também no sentido social.

Esta movimentação e euforia se mostrava através do preparativos para o Natal, como a armação de árvores de natal e de presépios, assim como compra de comestíveis e bebidas para a ceia de natal, onde a familia se reunião, num periodo de congraçamento, onde o espirito natalino fazia às fezes até o bem entendimento entre desafetos.

Antigamente, alguns hotéis promoviam também jantar especial de natal, para hóspedes e frequentadores que estivessem longe de suas famílias.

Árvore de Natal

Ainda nos dias de hoje este hábito é usado, embora um tanto simplificado. Em tempos passados, a árvore de Natal merecia especial atenção nesta época, e era armada com afinco num canto da sala, para que as crianças e visitas pudessem contempla-la.

A ornamentação da áveore se constituia de folhas verdes simulando um pinheirinho, com bolas de vidro reluzente e espelhadas penduradas nos ramos, e no topo geralmente uma estrela.

Mini lampadas coloridas, piscantes ou não se tornaram um adorno obrigatório nas arvóres de natal das famílias de classe média à partir da metade do século 20 em diante.

Enfeite na Porta das Casas e Adornos de Natal

Representação de Papai Noel ou São NicolauRepresentação de Papai Noel ou São Nicolau. Muito comum era colocar algum tipo enfeite comprado pronto na porta de entrada das residenciais. Geralmente estes adornos e enfeites eram complados em papelarias, e ficavam lá dependurados até a passagem do natal.

Sobre algum móvel, eram colocados castiçais com velas de cera coloridas, e ao redor da árvore de natal também alguns adornos e enfeites.

Devido à redução dos espaços nas residências, nos tempos em que muitas famílias acabam se mudando para apartamentos com comodos menores principalmente em grandes cidades, estes costumes tem sido um pouco esquecidos. Esquecimento este devido talvez á falta de espaço, ou desinteresse de algumas famílias em mante-los em função do bombardeio de novos entretenimentos que aparecem na mídia à cada dia.

A Véspera de Natal e a Noite Feliz

O dia da véspera de Natal parecia mais longo, sensação esta causada pela expectativa intensa e ansiedade, quando todos aguarda a chegada noite misteriosa, de paz e tranquilidade.

Para as crianças a expectativa dos presentes que encontrariam na manhã seguinte era sua principal fonte de ansiedade. Para os adutlos, o costume da ceia de natal que algumas famílias mantinham e ou a expectativa da missa do galo, à meia noite, que era além de uma missa um evento muito aguardado.

Na véspera de natal, era usual as crianças dormirem cedo ansiosas pelos presentes que seriam deixados pelo "Bom Velhinho ou Papai Noel". Muitos deixavam os sapatos perto das janelas, portas ou pés da cama os sapatos indicando onde Papai Noel deveria deixar os presentes, atendendo os desejos individuais de cada um.

Alguns pais sugeriam aos filhos escreverem uma carta ao "Papai Noel" e realmente colocavam a carta numa caixa de correio, criando uma espectativa na criança, e como forma de saber qual seria o presente que o filho queria ganhar. Através deste motivo poderiam argumentar sobre as possibilidades do "Bom Velhinho" deixar ou não o presente, se fosse muito caro ou invíável.

A Lenda do Papai Noel

Papai NoelNos tempos atuais, alguns pais não enfatizam ou não incentivam mais a lenda do "Bom Velhinho". Na verdade São Nicolau ou Santa Claus, uma lenda Europeia.

Mas muitos ainda acham interessante manter esta ilusão ou sonho da infância, através desta tradição na crença no "Bom Velhino", gordo, de barbas longas e brancas, vestido de vermelho, que durante a noite de natal, passeia pelos céus com seu trenó puxado por renas, e silenciosamente entra nas casas para atender aos pedidos e depositar os presentes natalinos.

Muitos pais levam seus filhos para verem alguém fantasiado de papai noel nos dias que antecedem o natal, geralmente em grandes lojos ou shopping center, como este que tem sido preservado.

Mas não é de longa data que a imagem do Papai Noel tem também sido usado como propaganda e marketing, associado à uma época de consumismo.

Enfim, se por motivos de pura fantasia e entretenimento, ou por motivos comerciais, a imagem do Papai Noel tem resistido bravamente aos tempos modernos.

Presépios

O costume de armar presépios abertos à visitação ainda se mantém, embora com menor intensidade. No Rio de Janeiro de tempos passados, quando não existia muito entretenimento e distração por toda a cidade, a visita aos presépios era um dos passeios mais interessantes e requisitados.

No Rio de Janeiro existiram presépios famosos. Entre eles destacam-se o presépio do cónego Filipe, na Ladeira da Madre de Deus, o presépio dos Convento de Santo António, o presépio do Convento da Ajuda, e o presépio do Sarros que era armado na Rua dos Ciganos.

Em quase todas as cidades do Brasil existia algum presépio aberto para visitação. E nas residências particulares, algumas famílias também costumavam armar presépios de natal.

Típicamente, os presépios eram fantasiosos, e iam muito além da cena da mangedoura. Muitos presépios eram animados, e pelo interior do Brasil viam-se miniaturas feitas em madeira, com monjolos, rodas dágua, pequenas serrarias e outros objetos em funcionamento ao longo dos cenários montados.

Muitos se utilizavam de núvens feitas de algodão para representar núvens ou neve, alguns ilustravam os céus sobre as miniaturas com estrelas e cometas.

Geralmente sobre a cena da manjedoura pende a estrela que indica o caminho aos três Reis Magos, que então encontram o Menino Jesus, José e Maria.

A fantasia e uma grande diversidade de miniaturas, geralmente fazem parte dos presépios, com diferentes tipos de animais, muitos figurantes, cenários de montanhas, lagos, estradas, pontes, moinhos, veículos a tração animal, e outros. Geralmente, estas miniaturas e motivações são inspiradas na cultura local, ou seja, nas atividades da vida cotidiana e atividades econômicas do local onde o presépio foi construído.

Geralmente é um espetáculo belo e fantasioso, e desperta a imaginação das crianças, e sensibiliza os adultos diante do esmero e da aplicação do ou dos artesãos que fizeram aquela arte e proporcionaram aquele espetáculo..

Supertições

Existiu uma supertição em tempos passados com relação à atividade de armar um presépio. Alguns acreditavam que quem aramasse o presépio em um determinado ano, deveria armá-lo novamente pelos próximos sete anos.

Missa do Galo

Em tempos passados, a missa do Galo, realizada em cada cidade e paróquia, à meia noite, na noite de natal, era uma tradição muito cultivada, inclusive por pessoas novas. Além de ser uma missa e ter um motivação espiritual, existia a motivação social, que entusiasmava os mais jovens.

Ir à missa do galo era também um acontecimento social, onde os mais novos se viam, e até flertavam (trocavam olhares) antes ou depois da missa.

Machado de Assis, considerado o maior escritor brasileiro, escreveu um curioso conto relacionado à missa do galo, relatando um evento ocorrido pouco antes de um jovem se dirigir à missa, enquanto aguardava a chegada de seus amigos, para então juntando-se à eles ir à missa. Mas neste conto, o tema não é exatamente espiritual, se ocupando mais de assuntos mundanos.

As Pastorinhas | Antiga Tradição

Existe uma antiga comemoração popular que hoje esta praticamente esquecida, salvo em alguns locais do interior do Brasil. Se trata das Pastorinhas ou Ranchos de Pastores.

Se tratavam de grupos trajados de forma caracterizada que visitavam os presépios de natal que eram armados em praticamente todas as igrejas, e também nas casas onde abriam para visitação.

Por onde passavam, seja pelas ruas ou em cada presépio, estes grupos faziam cânticos em homenagem ao Menino Jesus.

Segundo escreveu o escritor N.Costa, ele relata que um Rancho sempre saía da Rua São Januário em São Cristóvão, onde morou um historiador chamado Mello Moraes Filho, e em seguida em direção à Rua 8 de Dezembro, na Mangueira, onde morou o Visconde de Ouro Preto, ultimo chefe do gabinete de governo da Monarquia Constitucional.

Este costume se se expandiu por outros bairros do Rio de Janeiro, então capital federal, e dava um encanto especial à chamada "Noite Feliz" ou à véspera de Natal no Rio.

Veja também sobre presentes e costumes no século 19 e sobre festejos de natal também no século 19.