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Outeiro da Glória, Igreja e Praia do Russel em 1790

Ouve um tempo, em um passado remoto, quando sobre o Outeiro da Glória uma igreja era uma das construções que mais se destacavam no Rio de Janeiro.

Aos pés deste morro havia belas praias onde pescadores jogavam suas redes e construções já anúnciavam o progresso da então crescente e próspera cidade e de seu bairro, chamado Glória.

Este belo cenário que um dia existiu, e que com certeza já foi ainda mais belo antes dos desmatamentos que aparecem na pintura, foi retratato por um grande artista, que deixou para eternidade, o testemunho do que ele viu, na época em que viveu.

O Quadro de Leandro Joaquim

Leandro Joaquim, foi um pintor e artista brasileiro, falecido em 1798, que fez trabalhos juntamente com Mestre Valentim, e retratou a Igreja de N.S. da Glória em dos mais famosos painéis conhecidos na história das artes do Brasil.

Inicialmente estes painéis eram exibidos no Passeio Público, após sua inauguração, mais precisamente dentro de um ou dos dois pequenos pavilhões em estilo neogótico que ficavam em cada extremidade do antigo terraço existente no local, com vista para o mar.

Vista do bairro, outeiro e igreja da Glória em 1790

Ampliação de detalhes da pintura.

Estes painéis elípticos encontram-se atualmente no Museu Histórico Nacional, onde podem ser contemplados.

Ao pé do Outeiro da Glória, antes dos aterramentos que o afastaram do mar, ficava a Praia do Russel, e mais adiante em direção ao centro da cidade, existiu posteriormente o Mercado da Glória, uma enorme construção que foi demolida na década de 1900.

A posição real ou imaginária de Leandro Joaquim ao conceber este quadro seria como se ele estivesse na outra extremidade de uma linha que que começasse no centro centro da imagem pintada, ou seja olhado em direção à Igreja do Outeiro da Glória. Esta linha reta passaria pela ponta extrema da atual Praça Paris e iria até um local onde ficava o antigo terraço do Passeio Público. Talvez a perspectiva deste quadro, tenha sido também feita a partir do alto do antigo morro do Castelo, já que é vista de cima.

Glória, Igreja, outeiro e arredores, 1790

Glória, Igreja, outeiro e arredores, 1790 | Click sobre para ampliar

A imagem sobreposta, mostra uma foto feita aproximadamente da ponta extrema da atual Praça Paris, ou seja, com angulo de vista aproximado. E pode-se ver que o mar no local está todo aterrado.

Descrição da Cena Imortalizada na Pintura

Como destaque ao centro do painel, aparece a Igreja de N.S. da Glória do Outeiro. O morro ou outeiro parece ter ainda densa vegetação de rente à igreja, mas já está bem desmatado do lado direito.

O local aos pés do morro apresenta pequenas prainhas e enseadas paradisíacas, com algumas pedras a vegetação do morro se projetando sobre o mar.

Do lado direito da Igreja, vemos algumas construções erguidas às margens da praia que existia do lado direito de quem olha a pintura, um casario típico da época, com telhas vermelhas de barro, paredes claras e com algumas contruções com dois andares.

Vê-se que pescadores estavam puxando rede, fazendo uso de um tipo de pesca chamada de arrastão, puxando os peixes que naquela época de águas límpidas eram mais abundantes e encontrados no local.

Em primeiro plano estão representados dois barcos de uma vela e também duas pequenas caravelas de dois mastros, embarcações estas certamente utilizados para o comercio e transporte de carga nos tempos coloniais, certamente entre Brasil e Portugal e também entre outras partes do Brasil.

Hoje este cenário está totalmente mudado, as praias foram aterradas e o mar afastado por aterros sucessivos. Toda está área de mar que aparece na foto foi aterrada.

Vista da Igreja da Glória e Cercanias em 2010 e em 1790

As imagens abaixo que se alternam ao passar o mouse sobre as mesmas, mostam do lado direito a Igreja da Glória visto do mar, ou mais precisamente da enseada da Marina da Glória. Não é mais possível ver o lado direito da igreja a partir do mar por causa dos aterros. A foto está um pouco cinzenta pois foi tirada em dia chuvoso e nublado.

Igreja da Gl�ria vista do mar em 2010Vista da Igreja do Outeiro da Gl�ria e cercanias em 1790 e 2010

As imagens que se alternam ao passar o mouse por sobre elas, mostram a Igreja e o bairro da Glória vistos em diferentes épocas. Na primeira foto, na pintura de 1790 ainda existia a Praia do Russel e o mar em frente ao outeiro ainda não havia sofrido aterros sucessivos. Na outra imagem de 2010, a Igreja da Glória é vista de uma foto tirada próximo ao Relógio da Glória, na Rua da Glória.

Esta foto de 2010 está um pouco à direita do ponto de vista de Leandro Joaquim que pintou o quadro em 1790. O ponto de vista imaginário de Leandro Joaquim passaria por sobre um local aproximado e próximo à atual Praça Paris como foi dito mais acima. Entretanto, para evidenciar as transformações ocorridas, esta comparação atende os objetivos de forma aproximada.

220 Anos Depois

Mais de dois séculos se passaram, a paisagem e as cercanias mudaram e descaracterizaram os paradisíacos contornos originais do Rio de Janeiro. Belezas e benfeitorias foram criadas pelo homem, de acordo com os parádgmas de cada época. Mas a Igreja de N.S. da Glória do Outeiro e seu adro continuam a mesma.

Igreja e outeiro visto da enseada da Marina da Glória
Igreja e outeiro visto da enseada da Marina da Glória

Paisagem atual da igreja e outeiro no visto do mar
Paisagem atual da igreja e outeiro no visto do mar

Igreja fotografada com teleobjetiva zoom
A igreja continua como era a mais de dois séculos.

Na imagem do lado direito, onde a igreja aparece em tamanho maior, pode-se ver o "galo" sobre a cúpula, da mesma forma como aparece no painel pintado de Leando Joaquim à dois séculos e 20 anos atrás.

Os barcos que a rodeiam agora são barcos de passeio ou de turismo, enquanto em termpos remotos eram embarcações de pescadores ou de transporte de carga e passageiros. Outra diferença quanto ao cenário ligado aos barcos é que, nos dias de hoje estes estão bem mais afastados do sopé do morro, tendo o aterro e parque do Flamengo colocado o mar um pouco mais distante.