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Mangue, Aterrado, Caminho da Lanternas

No Rio de Janeiro, a área onde hoje existe o bairro da Cidade Nova, ao longo da Av. Presidente Vargas até a Praça 11 de Junho (antigo Rossio Pequeno) já foi muito conhecida como Mangue, porque o local era uma área pantanosa e alagadiça, em torno de uma pequena nesga de mar que vinha do "Saco de São Cristóvão", área também aterrada onde havia mar. Esta área da Cidade Nova ou do Canal do Mangue, também foi chamada por muito tempo de Aterrado, principalmente no Século 19.

A área vízinha, do "saco ou enseada de São Cristóvão", hoje toda aterrada, iniciava-se próximo de onde é hoje a junção da Av Presidente Vargas com a Francisco Bicalho, passando pela Rodoviária Novo Rio, Bairro Santo Cristo até chegar ao Porto do Rio, também construído sobre aterro na primeira década do Século 20.

Origem do nome Mangue

Em função a área alagadiça e pantanosa, e da vegetação de manguezal, típica de restinga e alagados margeando a nesga de mar e rios que lá desaguavam, o local já descrito mais acima ficou conhecido como Mangue ou em tempos mais remotos como Manguezal de São Diogo, por causa do Morro de São Diogo. Veja como era manguezal nos primórdios da colonização em uma reconstituição do Saco de São Cristóvão e áreas adjascentes.

Ocupação do Mangue começou no tempo de D. João VI

Quando D.João VI passou a ocupar o Palácio Real de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, ocorreu a idéia de abrir um canal ao longo daquele enorme brejo, com fins de sanear o local, então foco de infecções, mosquitos e cheiros desagradáveis, além de ser um local de difícil passagem entre São Cristóvão e Praça XV, no centro do Rio onde D. João também despachava, no Paço Real da Praça 15.

Entretanto, a obra era muito grande e dispendiosa para a época, e foi construído unicamente um longo estreito caminho sobre aterro, para passagem das carruagens do Rei e membros da corte que dirigiam ao Paço Real da Quinta da Boa Vista em São Cristóvão.

Aterrado ou Caminho das Lanternas

O local como também o caminho passaram a se chamar "Aterrado" ou "Caminho das Lanternas". Este último nome se deve ao fato do caminho ter sido iluminado pelo então Intendente Geral de Polícia, que cuidava do serviço de iluminação da Corte. Para tal foram erguidas colunas de pedra de 100 em 100 passos para colocação de grandes lampiões que ficavam suspensos nestas mesmas colunas. A iluminação era feita com óleo de baleia, como era comum naquela época, sendo os lampiões acesos todas a noites, assim como recarregados com óleo por pessoas que se ocupavam desta específica função na cidade.

Com a vinda da Corte para o Brasil, o cargo equivalente à prefeito que se encarrega de obras, era então ocupado pelo Intendente Gerald e Polícia, nomeado por D. João VI.

As antiga rua Senador Euzébio, que foi aberta muito posteriormente com o desenvolvimento da cidade, e que mais tarde passou a se chamar Rua São Pedro da Cidade Nova, era também chamada popularmente de "Caminho das Lanternas", pois estas eram continuações do antigo caminho.

A antiga Rua Senador Euzébio desapareceu com a abertura da Av Presidente Vargas na metade do Século 20, quando está incorporou 2 ruas criando uma larga avenida. A antiga rua Senador Euzébio é a pista da av. Presidente Vargas cujo tráfego segue em direção à zona norte.

Embora exisitisse o caminho aterrado, continuava a existir uma grande vala que corria ao longo do Caminho do Aterrado além de uma ampla área alagadiça. Existiram idéias de drenar e sanear o local contruindo um estreito canal. Mas esta ideia somente se concretizou em 1857, quando foi construído o Canal do Mangue.

Referencias e Fontes: