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História de Paraty - Início do Povoado, Ciclo do Ouro e do Café - Parte 1

Paraty | Casario histórico da período colonial

A primeira visita de navios Portugues ao local remete a 5 séculos, e a história documentada da Cidade de Paraty desde o início de seu povoamente remete a 4 séculos, tendo sua econômia e desenvolvimento diretamente ligada ao Ciclo do Ouro e Ciclo do Café.

Primitivos habitantes e início do povoamento a partir de 1630

Os primitivos habitantes locais eram apenas índios, até a chegada dos Portugueses no século 16, vindo de São Vicente, 200 km ao sul do litoral do Estado de São Paulo. Entretanto o início de seu povoamento somente aconteceu a partir de 1630.

Uma trilha que ligava as tribos de Paraty às tribos do Vale do Paraíba já havia sido feita pelos índios Guaianás. O chamado "Caminho do Ouro", aproveitou esta trilha indígena.

Algumas das mais importantes e principais edificações e construções que constituem o património histórico atual, estão ligadas aos assim chamados "ciclos do ouro" iniciado em 1695 e "ciclo do café" a partir do início do século 19, quando a cidade teve dois impulsos econômicos. Após o fim destes ciclos econômicos, a cidade passou por um longo período de estagnação. A partir da década de 1970, a econômia da cidade teve um novo impulso, desta vez voltado para o turismo, em decorrência da construção e abertura da estrada Rio-Santos, a BR-101, que é também considerada uma das mais belas e pitorescas estradas do Brasil e do mundo.

Mata virgem perto de Mangaratiba | Gravura de RugendasÍndios Guaianas | Gravura de Debret

Acima, representação de mata virgem, em gravura de J.M.Rugendas, feita na primeira metade do século 19, em local próximo à Paraty, ambiente natural onde viviam os indigênas. Do lado direito, gravura de Debret, mostrando Índios Guaianás que habitavam a região sul do Brasil, inclusive Paraty. A cena represente o embarque de um viajante europeu em canoa indígena, na primeira metade do século 19, acompanhado de um servo negro que carrega sua bagagem. A cena em questão não é da área de Paraty, e sim de Sul do Brasil, acontecida às margens de um Rio que deságua na Lagoa dos Patos. Mas são indios de tribo Guaianás.

Grande prosperidade durante o Clico do Ouro

Com a descoberta do ouro em Minas Gerais, no final do século 17, Paray se tornou uma parada obrigatoria para os navios que vinham do Rio de Janeiro, pois era o único ponto de ligação, através da Serra do Mar com Minas Gerais.

Nesta época Paraty se tornou um importante ponto de embarque e desembarque ligado ao comércio e exportação da mineração. Era de lá que seguia suprimentos para Minas Gerais, e de lá que era embarcado para Portugal o ouro que vinha de Minas Gerais.

Durante anos foi uma próspera cidade e foi de lá que o Capitão Francisco Amaral Gurgel partiu com um carregamento de 1000 caixotes de açucar, 200 cabeças de gado e 610.000 cruzados (dinheiro da época) para pagar o regaste ao corsário Frances Dugau-Touin que com uma frota de 15 navios de guerra invadiou e saqueou o Rio de Janeiro em 1711, a mando e em parceria com o Rei da França, Luiz XIV. Se o resgate não fosse pago, o corsário ameaçava incendiar a cidade.

Após 1720 foi construída uma estrada do ligando o Rio à Minas, que passava pela Serra dos Orgãos e economizava 15 dias de viagem. Foi nesta época que começou o declínio econômico de Paraty.

Econômia da cidade durante o Ciclo do Café

No século 19 a econômia de Paraty revigorou-se com as plantações de café e depois declinou-se novamente.

O Vale do Paraiba era a mais importante e princiapl região produtora de café, e Paraty era o porto mais próximo para embarque das sacas de café que seguiriam para a Europa.

O ciclo econonômico do café fez com que a vila de Paraty passasse a ter grande movimento, talvez até mesmo nunca visto antes. A vinda da Família Real Portuguesa juntamente como toda a corte para o Brasil no ano de 1808 também beneficiou a econômia de Paraty, pois a aumentou a demanda de bens de consumo.

No ano de 1808, estima-se que a população de Paraty girava em torno de 6.200 habitantes. Estima-se ainda que, mais de 20 mil animais passavam pelo cidade por ano carrgando sacas de café e demais produtos agrícolas. Estes produtos eram embarcados em Paraty para serem vendidos no Rio de Janeiro. A ligação Rio-Paraty era feita por cerca de 10 barcos, àquela época movidos à vela, e posteriormente com uso de algum a vapor.

Ao lado do antigo Caminho do Ouro, foi aberto um novo caminho pavimentado com pedras por onde passavam os tropeiros.
Nesta época uma onda de progresso e prosperidade tomou conta de Paraty. Esta prosperidade se refletiu na construção de mais uma igreja, a de Nossa Senhora das Dores, e no termino do calçamento das ruas.

Rio Paraiba | Gravura de RugendasCaminho pavimentado pavimentado em pedras do tempo do Império

Acima, do lado esquerdo, a gravura de Rugendas mostra uma travessia do Rio Paraíba no início do século 19. Do lado direito um típico caminho de pedras (estrada), por onde eram conduzidas mercadorias em lombo de burro. Esta foto é de um caminho na mata atlântica construído no tempo do Império. Embora não seja uma foto do novo caminho de Paraty, dá uma idéia de como era o caminho que ligava através da serra o vale do Paraiba á Paraty, após a pavimentação com pedras, no ínício do século 19.

Já na década de 1830 a população da vila de Paraty somava em torno de 10 mil habitantes e possuía em torno de 40 sobrados e 400 casas.

Em 1844 a Paraty foi elevada à cidade, se desemembrando de Angra dos Reis.

Nas casas do centro da cidade, a arquitetura era predominantemente de lojas e armazéns, tendo estas portas no lugar de janelas. Muitos sobrados tinham comércio no pavimento térreo, tendo o pavimento superior destinado á moradia dos proprietários comerciantes.

No ano de 1850, estima-se que a população da cidade já atingia o número de 16 mil habitantes. Os detentores das riquezas eram poucos, os comerciantes, os fazendeiros e produtores de aguardente, geralmente com alambiques nas fazendas. A produção de aguardente também teve importância na história de Paraty e estima-se que em torno de 150 alambiques ou mais se espalhavam em torno da cidade. A tradição da produção de cachaça é cultivada até nos dias de hoje, sendo que uma das festas da cidade é a Festa da Pinga.

O comêrcio de mercadorias era feito em três níveis e consequentemente três classes de comêrcio, não somente em Paraty mas também nas demais cidades do Brasil colonial e do século 19. Os produtores rurais vendiam sua produção aos comerciantes intermediários, que possuiam armazéns (depósitos) e barcos para revender a mercadoria na cidade do Rio de Janeiro.

Os comerciantes atacadistas eram as empresas e homens de negócios que detinham grande soma de capital, e compravam a produção das fazendas, muitas vezes conseguindo impor preços. Estes comerciantes também importavam produtos da Europa, muitas vezes comprando inteiramente a carga dos navios que aqui aportavam. Entre o consumidor final de varejo, existia os negociantes revendiam em suas lojas e armazéns de porte maior. Os vendeiros eram pequenos comerciantes, proprietários de pequenas vendas nos arrebaldes e zonas rurais, e estes compravam sua mercadorias do negociantes.

Casario de Paraty remete ao Ciclo do Ouro e Ciclo do CaféCasa de Cultura de Paraty | Sobrado de 1754

Certamente os melhores sobrados de Paraty pertenciam ou aos comerciantes atacadistas ou aos negociantes proprietários de pontos de comércio, que utilizavam o terréo para atender também ao consumidor final.

Na foto acima do lado esquerdo o casario histórico de Paraty que remete ao Ciclo do Ouro e Ciclo do Café. Do lado direito a Casa de Cultura de Paraty, instalado em um de sobrado de 1754, onde tudo leva a crer que, a parte térrea era usada para comêrcio.

Veja também a história de Paraty após o Ciclo do Café até a era do turismo.