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História de Paraty - Estagnação, Preservação e Era do Turismo - Parte 2

Pitoresca rua de Paraty com casas e sobrados pintados em cores vivas

A história de Paraty está diretamente ligada aos principais ciclos econômicos do Brasil e evolução de meios de transporte.

Após o Ciclo do Ouro e Ciclo do Café a cidade mergulhou em um período de estagnação e isolamento, até a abertura da estrada Rio-Santos.

A época da estagnação e isolamento

Em 1870, foi aberta a estrada de ferro D.Pedro II que ligava o Vale do Paraíba ao Rio de Janeiro. O meio de transporte ferroviário era mais rápido e barato que o caminho feito em duas etapas, terrestre para chegar em Paraty e caminho marítimo para chegar ao Rio de Janeiro. Isto fez com que o café não passasse mais por Paraty.

Em 1888 veio a Lei Áurea, abolindo a escravatura. A econômia de Paraty era dependia por demais da mão de obra escrava, tanto para o cultivo do café, como para as plantações e lavoura de cana, assim como para os engenhos e alambiques.

Estes dois fatos consecutivos decretaram a estagnação da econômia de Paraty. Como ultimo recurso, entre os anos de 1870 e 1900, ainda tentou-se manter comêrcio com o Vale do Paraiba, tendo escoara a produção de banana, café, feijão, palmito, farinha e aguardente. Mas como a manutenção do caminho que subia a serra também era feita por mão de obra escrava, após a abolição este caminho se tornou cada vez mais deteriorado até tornar-se inviável comercialmente.

Estima-se que, em 1880, ainda antes da Lei Áurea, e depois da abertura da Estrada de Ferro D.Pedro II em 1870, a cidade ainda contava com 12 mil habitantes sendo uns 2.000 escravos.

De 1900 em diante, a decadência for acelarada, quando os habitantes, principalmente os homens deixavam a cidade para trabalhar em outros locais ou cidades vizinhas, resultando em grande êxodo populacional. A decadência foi geral, refletindo no fechamento de várias casas de comércio que viravam residências. A oferta de moradia era maior que a procura, acarretando o fechamento e abandono de muitas casas, que por falta de zelo e manutenção ruiam com o tempo. Esta decadência se refletiu também na produção de cachaça, com a extinção da maioria dos alimbiques, sendo que poucos restaram.

Paraty ficou isolada, e a comunicação com o Rio de Janeiro era feita por dois barcos a vapor, que transportavam tanto mercadorias como pessoas. A decadência foi tanta que, no ano de 1925 não havia mais médico e nem dentista na cidade, e a Santa Casa de Paraty se encontrava fechada devido à falta de recursos, com uma população reduzida à cerca de 600 habitantes, sendo a maioria velhos, mulheres e crianças.

A estagnação e a preservação cultural

Se por um lado o isolamento da cidade produziu a estagnação econômica, por outro lado ajudou a preservar as tradições e sua arquitetura, que ficou intacta sem a especulação imobilária ou sujeita aos modismos decorrentes de diferentes épocas e crescimento econômico. A arquitetura do centro histórico é tipicamente representativa do que se pode chamar de arquitetura colonial, sem influência do neoclassicismo, romantismo, e nem do ecletismo.

A preservação das tradições culturais, aparece através das procissões religiosas, da Festa do Divino, da produção ainda artesanal de pequenas embarcações como canoas, redes de pesca e objetos de artesanato em geral.

A redescoberta de Paraty e reconhecimento pelo patrimônio histórico

Veio o ano de 1928 quando o presidente da República Washington Luis visitou a cidade.

No ano e de 1937 Paraty foi tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. (Data não confirmada)

Após esta data, os orgãos, intelectuais e arquitetos ligados à preservação do patrimônio histórico e artistico nacional se voltam para Paraty, colocando-a em evidência e tendo sido alvo vários reconhecimentos.

Em 1950 foi aberta a primeira estrada automotiva que ligava Paraty a Cunha, permitindo assim que acesso de automóvel até Paraty.

No início da década de 1970 foi aberta a estrada Rio-Santos, passando por Paraty dando início à exploração das potencialidades turisiticas do local.

Nos dias atuais a cidade trabalha e faz campanha no sentido de ser reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.

Era do Turísmo após a abertura da Estrada Rio-Santos

Entretanto, nas últimas décadas do século 20, a econômia local foi novamente revigorada com a construção da Rodovia Rio-Santos, que passa por Paraty. A rodovia impulsionou o turismo, boas pousadas proliferaram e os cafés, bares e restaurantes da cidade estão cheios novamente, com muitos turistas vindo via São Paulo ou via Rio de Janeiro.

Antes de 1950, não havia estrada para automóveis em direção à Paraty e o único acesso viável e eficaz era pelo mar. Naquele ano foi construída uma estrada subindo a Serra do Mar. Entretanto, o caminho mais eficaz para o turismo é a estrada construída posteriormente, a Rio-Santos.

A estrada Rio-Santos contorna o litoral em grande parte de seu trajetoEstrada Rio-Santos com belas vistas no caminho para Paraty

A rodovia Rio-Santos é considerada uma das mais belas estradas do mundo em seu trajedo que contorna o litoral. Em muitos trechos corre junto ao mar, propiciando magníficas vistas do orla, das montanhas, enseadas, penhascos e ilhas.

Veja também a história de Paraty desde o início do povoado até o ciclo do ouro e do café.