Rio de Janeiro AquiRio de Janeiro Aqui

Festa de Reis no Rio de Janeiro e Brasil

Festa de Reis

A Festa de Reis era uma tradição popular no Rio de Janeiro até o final do século 19 e ainda vista em muitos cidades do Brasil.

Faz parte dos complementos dos festejos natalinos, sendo que o Dia de Reis ocorre no dia 6 de janeiro e os costumes da festa faz parte do folclore nacional.

Embora ainda seja muito popular nas cidades menores do pais, a Festa de Reis está entre as tradições que estão sendo esquecidas no Rio de Janeiro. Já foi muito mais popular e vigoros no período colonial e também até a primeira metade do século 19.

A festa como complemento das festividades natalinas

O Natal em tempos passados era uma festa com mais simbolismo religioso, e sua comemoração era voltada para algumas atividade onde as pessoas e instituições participava ativamente, e não passivamente como nos dias de hoje, quando o que ocorre em torno do Natal e seus eventos é bastante direcionado para venda de produtos veiculados em TV e comandados por agências de publicidade representando interesses de grandes empresas e shopping centers.

Em tempos passados a celebração do Natal ou Nascimento de Jesus começava com a armação dos presépios nas igrejas da cidade e nas casas, assim como com ensaios de suaves cantigas de Reis pelas pastorinhas, que desfilavam depois pelas ruas da cidade, nas noites enluaradas do verão carioca, quando não existia rádio e nem televisão, e as atrações eram mais interativas e participativas em termos humanos.

Na noite de Natal, após a missa do galo e das ceias, das visitas à casas para desejar feliz e próspero Ano Novo no dia 1º, então a próxima comemoração era a tão aguardada Festa de Reis tem seu apogeu no dia 6 de Janeiro, também chamado Dia de Reis.

A Festa de Reis como o próprio nome indica, objetiva rememorar a milagrosa viagem do Reis Magos em direção ao local do nascimento de Jesus. Esta festa e celebração encerrava então o ciclo das comemorações natalinas à cada ano.

José de Alencar escreve sobre a mundaça de costumes já na primeira metade do século 19

O grande escritor e cronista José de Alencar, apresenta em um artigo de 1855, seu lamentou quanto ao declínio e desaparecimento da Festa de Reis dos velhos tempos. Abaixo entre aspas, o texto do escritor:

"Como todos os antigos costumes, esta festa vai caindo em desuso. Já quase não se vêem nesta Corte aquelas romarias folgazãs, aqueles grupos de pastorinhas, aquelas cantigas singelas que vinham quebrar o silêncio das horas mortas.

A noite de Reis atualmente é apenas a noite das ceias lautas, dos banquetes esplêndidos; de maneira que, a julgar da tradição pelas festas de agora, dir-se-ia que os reis magos eram três formidáveis comilões, que vieram do Oriente unicamente para tomarem um fartão de peixe, de ostras, de maioneses e gelatinas.

Em todas as épocas o homem teve a balda de desfazer no presente e de encarecer o passado. "No nosso tempo era outra coisa" dizem os velhos desde o princípio do mundo. Entretanto, seja pelo que for, seja que aquilo que passou exerça sobre a nossa imaginação um prestígio poderoso, o que é verdade é que nossos pais sabiam divertir-se melhor do que nós".

Nota: Este extrato de texto, é de um artigo intitulado "Ao correr da pena", publicado em 8 de Janeiro de 1855 no jornal Correio Mercantil. Estes artigos ou folhetins foram muito populares à sua época, quando não existia rádio e TV, a comunicação escrita supria as pessoas com as novidades do dia a dia bem como como forma de entretenimento cultural.

A Festa de Reis e costumes populares no Rio de no Brasil

Levando em conta o texto de José de Alencar, de 1855, podemos ter ciência que, a decadência ou mudança de costumes com relação à Festa de Reis já era notada à 150 anos atrás. Ou seja, algumas da cantigas de Reis e romarias noturnas já haviam deixado de ser costume.

Entretanto todas as manifestações não foram extintas das noites cariocas que se seguiram ao longo do século 19. Muitos grupos continuaram a sair às ruas mantendo a louvável tradição.

Segundo estudiosos do folclore, os costumes, emboram tenham uma mesma formatação podem variar ligeiramente de região para região. Geralmente, onde a manifestação acontecia no século 20 ou ainda acontece nos dias de hoje, pode ser descrita em termos gerais como à seguir.

Grupos de rapazes e moças (mas podem ter pessoas de várias idades), saem caracterizados como pastoras e pastores, cantando e dançando ao som de música tocada com viola, violões, bumbos, castanholas, triangulos e outros instrumentos que podem ser carregados enquanto se toca.

O Grupo percorre as ruas da cidade ou determinados bairros, e vão parando em frente de diversas casas para que sejam convidados, após a cantoria, à entrar para ver o presépio e comer alguma coisa. Em locais onde aconteciam ceias ou bailes, eram convidados a tomar parte nos mesmo por um tempo.

Geralmente a visita não era longa, e seguiam seu caminho em direção à outras casas, até a madrugada.

Deste modo, em frente às casas que escolhessem, eles cantavam versos como:

"O' de casa nobre gente,

Escutai e ouvireis,

Lá das bandas do Oriente

São chegados os três Reis."

Na região norte e nordesta talvez sejam mais arraigados. Na Bahia eram comuns as cheganças, reisadas, e bailes pastoris com muito colorido animando as celebrações.

O dia e festa de Reis em sua forma tradicional que chegou aos nossos dias

Por várias regiões, grupos de pessoas fantasiados de Reis, cantando cantigas da festa, saiam e ainda saem por ruas de cidades do Brasil. E em muitos lugares ainda é costume as familias abrirem as portas de suas casas para o festivo grupo e oferecer-lhes doces e salgados feitos especialmente para a época.

Referencias e Fontes: