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Festa e Dia de Cosme e Damião

Os Santos Cosme e Damião são protagonistas de uma das festas mais populares do Rio de Janeiro. Estes santos são vistos ou cultuados em par, e a festa homenageia os dois no mesmo dia. Sendo assim, daí veio um sinônimo para expressão "Dois-um" ou "Cosme-Damião" referindo-se à duplas ou perfeitas combinações.

Eram árabes e se converteram ao cristianismo

Estes santos martíres, tinham origem árabe, e se converteram ao cristianismo. Ambos se dedicaram à medicina tratando da alma e do corpo, e difundindo a fé cristão entre os pagãos.

Eram caridosos, trabalhavam de graça, sem pedir nada em troca pelas curas que faziam, sem uso de magia ou remédios. O tratamento através deles começava sempre com o sinal da cruz sobre a cabeça do enfermo.

Eram também irmãos gémeos, e devido à bondade dos mesmos logo alcançaram fama e popularidade.

Entretanto, na época em que viveram, eram alvo da repressão contra o cristianismo, por parte dos Imperadores Romanos Dicoclesiano e Maximiano. Em função disto se tornaram martires, ao serem executados em 27 de Setembro do ano de 286.

Duarte Coelho foi o primeiro grande devoto no Brasil a erguer uma capela

Duarte Coelho, capitão-donatário da Capitânia de Pernambuco, foi quem ergueu a primeira capela dedicada à São Cosme e São Damião.

Já no Rio de Janeiro, o dia dos Santos é muito festejado, tanto na Igreja da Misericórida e capelas particulares, como também em uma Igreja dedicado aos 2 santos, na Rua Leopoldo, no bairro do Andaraí, zona norte do Rio de Janeiro, próximo à Tijuca e Villa Isabel.

Estes santos eram tidos como protetores contra pestes e doenças assim como São Sebastião, e por isto seu culto era muito popular no Rio de Janeiro, sempre avassalado por epidemias. Era tradição em tempos passados, pedir contribuições em dinheiro caminhando pelas ruas com bandejas, e as crianças e mulheres eram sempre vistas com bandejas e cestinhas onde carregavam a imagem dos santos. Este costume era muito forte principalmente até a primeira metade do século 19.

Distribuição de doces e balas às crianças

Bolo de Cosme Damião

Bolos enfeitados com imagens de Cosme e Damião também estão entre os costumes dos que homenageiam esta data.

No dia de festa de São Cosme e Damião, era comum no Rio de Janeiro as familias oferecerem balas e guloseimas aos filhos, às crianças da vizinhança e também às crianças passavam pelas ruas em turmas, pedindo doces e balas.

Os doces e guloseimas eram de preferência brancos, feitos de coco, manjares ou claras. Este costume de presentear crianças com guloseimas ainda persiste nos dias de hoje.

Lendas e sincretismo religioso

Existem lendas em torno dos santos gémeos, e no dia da festa dos santos, eram considerados convidados e honra, com homenagens aos mesmos. Altares eram improvisados com imagens dos mesmos, ou tendo quadros dos mesmos colocados nas paredes ou sobre as mesas das casas, quando então a lenda fazia acreditar que eles eram crianças e não adultos quando foram martirizados.

Além das festas nas casas, organizadas pelas famílias para suas crianças com distribuição de doces, e também em igrejas, existiam e ainda existem os festejos de religiões afro-brasileiras.

No caso as manifestações que cultuam estes santos, são vulgarmente chamadas de "macumbas", envolvendo danças e cantos diferenciados, seguindo rituais.

Segundo pesquisadores, os santos gémeos Cosme e Damião são também divindades sob outra invocação ou nome, em manifestações afro-brasileiras, sendo das mais populares.

Segundo uma estudiosa do Folclore, Mariza Lira, está relata que nos terreiros afros é usual que adultos e velhos "encarnem" espíritos de crianças falando em uma lingua africana e ao mesmo tempo realizando travessuras e manhas típicas de crianças. Em termos de oferendas geralmente são comidas afro-baianas e o primeiro bocado é para os dois santos.

Acredita-se que a maior influência do culto dos santos gémeos em cultos afro-brasileiros tenha sido influênciada pelos negros bantos, uma etinia que possui crença mais arraigada nos mesmos.

O estudioso Artur Ramos anota que entre as cantigas de "terreiros", figura o verso:

"Cosme e Damião, Ogum e Alabá veio da aldeia, lá do areia."

Referencias e Fontes: