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Casa de Pedra

Antes de discorrer sobre a primeira construção em pedra e cal, vamos falar dos motivos que levaram à sua existência e sobre a chegada dos primeiros europeus na Baía de Guanabara.

Existe controvérsias quanto à quem teria comandado a primeira expedição que primeiro passou pela Baía de Guanabara em 1501 ou 1502, pairando dúvida entre os nomes de André Gonçalves, Gaspar de Lemos ou D. Nuno Manuel. Entretanto não existe dúvida quanto ao nome do piloto e navegador Américo Vespúcio.

Entretanto parece que, a maioria dos historiadores acreditam que foi Gaspar Lemos foi o comandante. Gaspar Lemos já havia vindo ao Brasil comandando uma das naus da frota de Pedro Álvares Cabral em 1500.

A expedição de Gaspar Lemos e Américo Vespúcio talvez não tenha adentrado a Baía de Guanabara, mas deram ao local o nome de Rio de Janeiro.

A construção da primeira casa de pedra e cal por volta de 1503

Quem primeiro realmente explorou a Baía de Guanabara foi Gonçalo Coelho, no final de 1503 ou 1504, que aportou por uns tempos no local, e construiu na praia do Flamengo uma casa de pedra e cal junto à foz do Rio Carioca.

O local viria a se tornor ponto de parada para os navios daquela época, para abastecimento de água potável antes de seguirem viagem para São Vicente ou Rio da Prata. (Diga-se de passagem, naquela época chegava até quase a calçada dos edifícios) da atual Av. Beira Mar. (Nota, a Av. Beira Mar e Parque do Flamengo foram construídos dobre aterros).

O local em torno da Rua Barão do Flamengo (por onde hoje corre canalizado por baixo da terra o Rio Carioca), era então chamado de Carioca, o rio também levou este nome assim como, com o decorrer dos anos, a serra de onde este vinha.

A casa de a origem do termo Carioca

A origem do termo Carioca, é por muitos atribuído como tendo vindo da linguagem dos indíos locais, que chamavam a casa de pedra de "casa do branco". Se assim for, o termo Carioca, inicialmente significava "casa do homem branco" se referindo à primeira construção.

Da veracidade da "Casa de Pedra" ou "Casa do Branco" e os primeiros navegantes

Acredita-se que no local deve ter sido instalada uma feitoria, e ao seu redor ter sido cultivada cana de açucar e criação de animais domésticos. Quando a expedição de Fernão de Magalhães, em 1519, passou pela Baía de Ganabara, um estudioso acadêmico e também explorador da República de Veneza, Antonio Pigafetta, que estava na expedição, registrou a algo nestes termos, que deve ser a Casa de Pedra com suas atividades.

Deste modo, pode-se creditar à Gonçalo Coelho a primeira tentativa, embora tímida e limitada, de colonização da Baía de Guanabara e litoral desta região.

Pouco antes da histórica viagem de Fernão de Magalhães, passou pela Baía de Guanabara, no ano de 1515 João Dias de Solis. Em 1516 e 1527 também passou pelo local Cristóvão Jaques. Certamente todos estes abasteciam na foz do Rio Carioca e encontravam a casa da feitoria, seja ainda habitada ou não.

A chegada de Martim Afonso

Em 1531 aconteceu a chegada da expedição de Martim Afonso de Souza que passou 3 mesês na Baía de Guanabara, tendo gostado das belezas da região, influênciando na escolha de sua Capitãnia Hereditária.

Durante sua estada na Guanabara, construiu uma casa fortificada, que muitos confundem com a "Casa de Pedra". A casa construída por Martim Afonso seria localizada no local onde hoje é a Praia Vermelha, que em tempos remotos se chamou "Porto de Martim Afonso", depois praia do Suzano e posteriormente Praia da Saudade.

Embora Martim Afonso tenha ficado algum tempo por aqui, ele preferiu se estabelecer mais ao sul, em São Vicente, no litoral do atual Estado de São Paulo. A Guanabara pertencia à Capitânia de Martim Afonso, mas permanecia apenas como ponto de passagem.

Em 1533, Tomé de Souza deixou escrito que a Baía da Guanabara deveria ser ocupada, no local assentado um povoamento.

A invasão de Villegaigno em 1555 e a citação da "Casa de Pedra" por Jean de Lery

No ano de 1555 chega à Guanabara o almirante Villegaigon, que provavelmente deve ter encontrado a "Cada de Pedra" desocupada ou possivelmente em mau estado ou ruínas. Entretanto, o missionário francês Jean de Lery, que veio com a expedição de Villegaigno citou a casa em seus escritos, além de ter residido na mesma. Dentre tantas evidências, não resta dúvida que a construção era antiga e existia de longa data.

Estácio de Sá referiu-se à "Casa de Pedra" para demarcar Sesmarias em 1565

Em 1565, logo após a fundação da Cidade do Rio de Janeiro em despacho de concessão de sesmaria, se refere à "Casa de Pedra" para demarcação. Ao conceder à companheiros uma légua e meia de terra anotou - "Que começe da casa de pedra seguindo a baía até onde esta acabe".

Enfim, se foi citada em documento importante e oficial, fica corroborada a existência da antiga construção.

Após 1567, com a mudança da Vila Velha no Morro Cara de Cão para o Morro do Castelo, acredita-se que pouco depois a casa foi habitada pelo juiz Pedro Martins Namorado, ainda no tempo de Anchieta.

Últimas referências à "Casa de Pedra"

No início do Século 17, o sapateiro Sebastião Gonçalves recebeu as terras da sesmaria na praia do Flamengo, e talvez tenha habitado a casa de pedra. Nesta era do Século 17, a praia ficou conhecida como "Praia do Sapateiro".

Entretanto, uma das ultimas referências à "casa de pedra", seriam da metade do Século 17, quando somente ainda existia suas fundações, que serviram novamente para medição de sesmaria.

Referencias: