Pavilhão de São Cristovão

Sobre o antigo Pavilhão de São Cristóvão, projeto do Arquiteto Sérgio Bernardes, que já foi o maior pavilhão de exposições do Rio de Janeiro até a construção do Rio Centro, inaugurado em 1977.

Atualmente este pavilhão abriga a Feira de São Cristóvão.

Sobre o Antigo Projeto e a História do Pavilhão

Como era o Pavilhão de São Cristovão antes da feira, e qual era seu uso? Porque ficou abandonado por um longo tempo?

O Pavilhão de São Cristovão foi projetado pelo Arquiteto Sérgio Bernardes, um, um dos projetos que muitos dos admiradores deste ousado arquiteto talvez considerem à beira da genialidade. Após concluído, o pavilhão abrigou muitos eventos ao longo dos anos.

O Arquiteto Sérgio Bernardes, já falecido, sempre se destacou como inovador e pesquisador de arquitetura, sempre inovando em seus projetos, com uma boa harmonia entre forma e função, apresentando soluções integradas entre estrutura, função, estética e forma.

O pavilhão parece ter tido como referência o projeto e construção de um pavilhão na Carolina do Norte nos EUA, hoje chamado Dorton Arena, projeto do Arquiteto Matthew Nowicki, inaugurado em 1952. Parece ser impossível negar esta referência. Entretanto é uma referência que pretendeu ser bem articulada e que produziu na época um dos maiores vão cobertos do mundo.

O pavilhão projetado por Sérgio Bernardes, foi inaugurado no início dos anos 1960. Era uma iniciativa particular e a partir dos anos 1980 passou a pertencer à uma empresa estatal de Turismo. 

O pavilhão ao longo da década de 1960 abrigou algumas feiras, com Salão do Automóvel, Feiras Industriais, e Expositec no início dos anos de 1970. 

Em 1977 for inaugurado o Rio Centro, um enorme pavilhão e centro de convenções que tomou o lugar do pavilhão de São Cristovão como local de grandes feiras.

Por volta de 1988, um forte vendaval destruiu pela segunda vez a cobertura do pavilhão. A partir desta data o pavilhão ficou fechado e em desuso por longos anos, até que em 2003 passou a ser utilizado pela Feira de São Cristóvão.

Acima o exterior do Pavilhão de São Cristovão em 2010, com estrutura de quadros de concreto fecahada por tijolos fechados de forma a se tornar uma parede vazada e ventilada. Atualmente sem cobertura, se tornou sede da Feira de São Cristóvão.

Sobre a Arquitetura, a Estrutura e os Problemas

À sua época, o pavilhão tinha quase 160.000 metros quadrados, tendo sido uma das maiores áreas cobertas do mundo sem vigas ou pilares. O sistema estrutural da cobertura foi pensado como uma superfície ou uma espécie de "rede" suspensa, como a do projeto de Matthew Nowicki, terminado em 1952.

Para tal, centenas de cabos de aço foram fixados nas extremidades da estrutura de concreto armado que cincundava o pavilhão, com formas coerentes com a superfícia à ser formada. Sobre os cabos de aço existia uma cobertura de material plástico.

Um sistema de refrigeração natural foi pensado pelo arquiteto. Litros e litros de agua eram bombeados para as partes mais altas da superfície da cobertura, que por sua vez deveriam escorrer para as laterais mais baixas, desaguando sobre uma cascata que se projetava da cobertura, que por sua vez escorria para espelhos dágua também nas laterais. Este foi um sistema pensado por Sérgio Bernardes para climatizar o ambiente em dias muito quentes. 

Entretanto, um vendavál que não estava nos planos do Arquiteto e certamente não estava também nos planos e planilhas de cálculo dos Engenheiros Calculistas que viabilizaram a estrutura, impiedosamente destruiu a cobertura de plastico.

Posteriormente foram usadas chapas metálicas para a cobertura, e provalmente esta substituição deve ter alterado para menos as potencialidades de climatização do edifício.

Tempos depois, novamente tudo indicou que a cobertura era instável em relação aos ventos. 

Até por volta de 1988, o pavilhão ainda era coberto. Mas um novo vendavál resolveu demonstrar que, se os efeitos dos ventos não forem bem considerados, principalmente quanto às formas que podem produzir diferentes tipos de pressão em função dos fluxos de ar em relação às estas formas, o resultado pode ser desastroso. Se aviões se sustentam no ar pela pressão exercida pelo vento em suas asas, em função da aerodinâmica, a forma de uma cobertura também pode produzir pressões para o interior ou exterior. E certamente o vento resolveu novamente desafiar as ideias inovadoras e os cálculos. A cobertura foi novamente arrancada pelo vento.

Após esta data, a cobertura foi então removida, e o pavilhão ficou por muito tempo sem uso, até que em 2003 passou a abrigar a Feira de São Cristóvão, conferindo à mesma um ambiente arquitetônico interessante, curioso e com algumas histórias pregressas. Mas desta vez sem a cobertura.

Aquitetura e Estrutura | Arcos Parabólicos e Rede de Cabos de Aço

Acima o Pavilhão de São Cristovão de Sérgio Bernades, visto de cima mostrando cobertura formada de cabos de aço em curva e presos à uma estrutura curva.

Abaixo a Arena da Feira da Carolina do Norte, de Matthew Nowick, de 1952, posteriormente chamado de Dorton Arena. Trata-se de uma cobertura suspensa por cabos de aço ancorados nos arcos parabólicos.

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Sistema de Cobertura Supensa Iguais

O sitema de cobertura suspensa por uma rede de cabos de aço é identica, embora os vãos do Pavilhão de São Cristovão eram bem maiores, assim como a área.

Sistema Estrutural | Algumas Diferenças

Os pontos de ancoragem ou fixação dos cabos de aço também formam curvas, mas o sistema estrutural é um pouco diferente. O Pavilhão de São Cristovão é composto de frames de concreto armado que dão rigidez, suportam e distribuem as tensões provenientes do cabos. Talvez as forças de compressão se anulem parcialmente na parte mais baixa onde os complexos de frames se encontram numa junção de concreto.

(1) Os frames de concreto em curva que sustentam a viga achatada na parte superior que ancorava os cabos.

(2) Acima uma foto em detalhe dos vergalhoes fixados no concreto, que ancorava os cabos de aço da cobertura.

Pontos de Fixação dos Cabos de Aço | Ancoragem

Na foto ao lado, parte baixa da estrutura circundante do antigo pavilhão Pavilhão de São Cristóvão, mostrando os pontos de ancoragem dos cabos de aço da antiga cobertura que foi retirada. As coberturas de lona que aparecem na foto são de barracas, da atual Feira de São Cristovão, no seu interior.

Neste parte mais baixa da estrurua circular não foram utilizados os frames de concreto e sim muros maciços.

Mas o sistema de ancoragem (fixação dos cabos de aço) é identico ao longo de toda a estrutura, mesmo na parte alta, sobre os frames de concreto preenchidos por tijolos.

Na foto mais acima, à direita, bem no topo são vistos os cabos cortados.

Ao lado, foto do pavilhão de São Cristovão sem a cobertura, como é utilizado atualmente na Feira de São Cristóvão.

(1) Pavilhão sem a cobertura. As extremidades que eram descobertas são as extremidades da elipse no maior dimensão. As barracas e toldos de lona azul são da Feira Nordestina de São Cristovão.

(2) As 2 coberturas de lona nas extremidades, em cor de couro, também são coberturas de palcos da Feira de Cultura Nordestina. O pavilhão hoje é apenas um muro delimitador.

Saddledome ou estádio em forma de sela ou arreio

Ao lado o Scotiabank Saddledome, cuja estrutura é muito parecida com a do antigo Pavilhão de São Cristovão. Este estádio teve sua construção terminada em 1983, e situa-se em Calvary, no Canadá. É um estádio que sedia um time de "hockey" sobre gelo, e que também é usado como arena para inúmeros outros espetáculos esportivos e show de música.

Sobre o "Paraboleum", ou Pavilhão da Feira da Carolina do Norte

Este edifício concluído em 1952, foi chamado pelo seu autor, o arquiteto Matthew Nowick de Paraboleum com referência à curva parabólida da estrutura de ancoragem dos cabos de aço que sustentam a cobertura.

Foi um marco na arquitetura e na concepção de estruturas, tendo ficado conhecido nos meios de arquitetura como Feira da Carolina do Norte. Matthew Nowick, inovou utilizando-se de um desenho elíptico para a estrutura. Infelizmente o arquiteto morreu em um acidente aéreo antes da construção, mas o projeto foi construído de acordo com seu projeto inovador.

Hoje carrega o nome de J.S. Dorton Arena, em homenagem à um antigo gerente. É uma arena multi-uso em Raleigh, no estado da Carolina do Norte, nos EUA.

O sistema construtivo é interessante, pois apresenta um teto em forma de rede suspensa formada por cabos de aço trabalhando em tensão, ancorados em uma estrutura parabólica de concreto armado que trabalha em compressão.

Os arcos parabólicos de ancoragem se entrecruzam a cerca de 6 metros acima do chão e continuam abaixo do solo, onde as extremidades dos arcos são presas entre sí por cabos de aço em tensão, sendo a força projetada de um arco se contrapõe à do outro. Devido à este sistema construtivo, as paredes da arena praticamente não suportam nenhum peso. 

A arena da Carolina do Norte, já sediou concertos, shows e feiras. Ultimamente tem sediado eventos e partidas de hockey no gelo, tendo sido também sede de times de hockey.

Referencias e Fontes:

• Relato de visitas do autor desta página ao antigo Pavilhão, atualmente utilizado para abrigar a Feira de São Cristóvão.
• Conhecimentos do autor página acerca de engenharia e arquitetura sob o ponto de vista acadêmico e histórico.