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Cristo Redentor | História e os Mitos do Projeto

Monumento do Cristo do Redentor no Corcovado | Face

Alguns equívocos, polêmicas cercam a história do projeto e construção da estátua e monumento do Cristo Redentor, no alto do Corcovado. Fatos verdadeiros esclarecem as partes nebulosas de sua história que se transformaram em mitos.

O Monumento foi Idealizado e Financiado por Brasileiros

Inúmeras estórias e lendas muitas vezes cercam grandes obras e realizações e acabam tidas como verdade. Este é o caso do monumento do Cristo Redentor no Corcovado.

As Lendas

Provavelmente, a maioria das pessoas já ouviu alguém dizer que um dos simbolos do Rio de Janeiro, a monumental estátua do Cristo Redentor, de braços abertos no alto do Morro do Corcovado, teria sido um presente dado pela França, e para completar tal lenda, não é incomum alguem dizer que estátua veio em um grande navío.

E para aumentar esta versão incorreta dos fatos, recentemente saiu em um famoso programa de domingo, que uma herdeira de um escultor Frances estava reinvindicando direitos autorais sobre a estátua do Cristo Redentor.

As Verdades

Tudo isto que foi dito no parágrafo acima não passa de lendas ou mal entendidos. Vamos voltar ao tempo e nos ater aos fatos e verdades históricas sobre a idéia, sobre o projeto e a construção do monumento. Assim é possivel esclarecer todos estes mitos.

Foi no ano de 1921 que apareceu a idéia de construir uma estátua monumental em homenagem ao Cristo Redentor, com intuito de ser também um marco cristão da comemoração do 1º Centenário da Indepêndencia do Brasil, que aconteceria no ano seguinte.

Uma organização chamada Círculo Católico se reuniu para levar adianta e discutir a idéia do projeto assim como pensar em qual local deveria ser construído o monumento. Três locais foram propostos, e o Corcovado era um deles, entro Pão de Açucar e o Morro de Santo Antônio. ( O Morro de Santo Antônio foi praticamente quase todo demolido posteriormente, restando apenas uma pequena parte dele, onde fica o Convento de Santo Antônio no Largo da Carioca).

Uma vez escolhido o Corcovado, foi feito um abaixo assinado que contou com mais de 20 mil assinaturas pedindo ao Presidente Epitácio Pessoa uma autorização para a construir o monumento no local.

Os recursos em forma de dinheiro para financiar a construção do monumento foram conseguidos através de uma campanha de ambito nacional. A empreitada de arrecadação teve sucesso e fundos necessários foram arrecadados para a obra. Vieram doações de de fieis dadas através de paróquias de todo o Brasil. Deste modo, ao contrário de algumas estórias que circulam por aí, o Monumento do Corcovado é uma obra de brasileiros que foi custeada unicamente por brasileiros.

O Autor do Projeto do Monumento

Escultor Paul LandowskiEng. Heitor da Silva Costa | Autor do projeto do Cristo RedentorOutro fato que se tornou nebuloso é quanto à autoria do projeto. Segundo jornal da Arquidiocese do Rio de Janeiro da semana de 9 a 15 de Outubro de 2011, na verdade o autor do projeto do Cristo Redentor é o Engenheiro arquiteto Heitor da Silva Costa, que foi contratado pela comissão organizadora do Cristo Redentor para a construção da obra.

No documento de contratro, especificava-se que os direitos autorais do projeto estavam cedidos para comissão organizadora do monumento, comissão esta que foi sucedida pela Arquidiocese do Rio de Janeiro.

O primeiro projeto escolhido mostrava Jesus com uma cruz na mão direita e o globo terrestre seguro pela mão esquerda. Certamente a proposta era bem intencionada, mas o então Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme, pediu ao Engenheiro que se buscasse um sentido mais religioso e humano para a estátua. O pedido foi compreendido e atendido, e para tal contou com colaboração do artistas, desenhista e pintor brasileiro Carlos Oswald, que elaborou a figura de Cristo com o aspecto de cruz, estendendo os braços sobre a cidade, como se vê nos dias atuais.

Proposta para estátua do Cristo Redentor no Corcovado feita em 1924Uma vez tendo ideia e forma do projeto, seria necessário desenvolve-lo em detalhes. Foi então que Heitor da Silva Costa foi à França contratar um escultor de grandes monumentos, o artista Paul Landowski, para executar miniaturas ou maquetes do monumento, assim como esculpir a cabeça e as mãos estátua.

Segundo matéria publicada em jornal da Arquidiocese do Rio de Janeiro (semana de 9 a 15 de Outubro de 2011), existem registros históricos que escultor estatuário francês igualmente cedeu seus direitos autorais comerciais à comissão organizadora que hoje é sucedidad pela Arquidiocese do Rio. Ainda segundo o jornal, está seria uma condição imposta pela Igreja para a contratação do serviço.

Polêmica Sobre Direitos Autorais Sobre Cristo Redentor

Aqui cabe um comentário, que os direitos autorais abrangem direitos morais e comerciais. Uma vez que se cede os direitos comerciais significa que não se deve reinvindicar ganhos ou proveitos de determinada criação. Mas os direitos "morais" continuam a existir. Ou seja, o nome do autor deve ser citado.

Tanto o autor do projeto Engenheiro Heitor da. S. Costa como Paul Landowski cederam, pelo que se entende seus direitos comerciais sobre alguma autoria que pudesse existir quanto ao seus trabalhos.

A Arquidiocese na mesma edição do jornal citado anteriormente, afirma que, possui direito autorais sobre o Corcovado, e que o uso da imagem em campanhas publicitárias deve ser concedido pela entidade. Certamente é uma reinvindicação prudente, para evitar mal uso e exploração comercial de uma imagem com simbolismo religioso.

Mas a lei de direitos autorais também prevê que, uma obra caia em domínio público após 70 ou 90 anos (depende do pais) de sua publicação ou lançamento. Domínio público significa que a obra pode ser utilizada sem pagar direitos comerciais autorais. Mas a mesma lei prevê que os direitos morais sobre a obra são perpétuos. Ou seja, decorrido um prazo legal, expiram-se os direitos comerciais, mas o nome dos autores devem ser sempre citados.

Carlos Oswald e seu desenho do Cristo RedentorCertidao acerca dos direitos autorais comercias sobre a estátua do Cristo Redentor

Acima o desenho feito por Carlos Oswald e sua foto ao lado. Do lado direito uma certidão onde o escultor Paul Landowsk atesta para Heitor da Silva Costa que foi autor da parte escultural da maquete do Monumento do Cristo Redentor, de acordo com os planos e desenhos do Senhor da Silva Costa, Arquiteto no Rio de Janeiro. No conteúdo do documento, ele delega à H. Silva Costa bem como à Comissão do Monumento, plenos poderes para conceder as necessárias autorizações para as reproduções da imagem da maquete do monumento.

Primeiro Idealizador da Estátua do Cristo no Corcovado

Segundo o jornal Testemunho da Fé, de 9 a 15 de Outubro de 2011, da Arquidiocese de São Sebastião, do Rio de Janeiro, foi o missionário francês, o padre Pedro Maria Boss, mostrado no retrato ao lado, o pioneiro idealizador do monumento ao Cristo do Corcovado.

Quando em 1922, o livro com abaixo-assinado com mais de 20 mil assinaturas foi encaminhado ao Presidente Epitácio Pessoa pedindo autorização para a construção do monumento no alto do Morro do Corcovado, neste livro havia um texto do Padre Pedro Maria Boss escrito em 1903.

O texto em questão, era um texto de autoria do Padre, publicado em 1903 em uma página introdutória de um livro traduzido pelo mesmo, livro este chamado "Imitação de Cristo". Abaixo o texto.

Texto sobre o Cristo Redentor sobre o CorcovadoIdealizador do Cristo Redentor no Corcovado | Padre Pedro Maria Boss

Foi este missionário lazarista, capelão do Colégio da Imaculada Conceição em Botafogo, o primeiro a ter ideia de erguer no Corcovado a imagem de Jesus Redentor. A foto do padre está mostrada na foto do lado direito acima. O padre não chegou a ver seu sonho e idéia concretizada, pois faleceu muito tempo antes.