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História dos Bondes no Rio e Brasil

A história dos Bondes no Rio de Janeiro é também o início da história dos bondes no Brasil, já que foi na antiga capital do Brasil que este meio de transporte urbano sobre trilhos surgiu e teve éxito, mudando completamente a rotina e hábitos dos cariocas, bem como propiciando a expansão da cidade e movimentando o comercio.

A última linha de bondes urbanos em operação no Brasil

Ligando o Centro do Rio ao bairro de Santa Teresa, continua a funcionar os bondinhos de Santa Teresa na última linha de bondes do Rio de Janeiro. No bairro mesmo bairro existe o museu do bonde. Esta linha é provavelmente a última linha de bonde em funcionamento no Brasil cuja finalidade não é apenas turística continua transportando passageiros no dia a dia incorporada à vida dos moradores do bairro.

Origem do nome Bonde

Nos demais paises, o nome do transporte urbano sobre trilhos se chama TRAM.
No Brasil, este tipo de transporte foi apelidado de "Bonde", na verdade um aportuguesamento da palavra BOND que significa "apólice" ou "vales" ou "cupons". Na verdade se referia a bilhetes impressos, que eram vendidos na quantidade de 5 pelo valor de 1 mil Réis. Como eram raras as moedas de 200 Reis para pagar as passagens, uma companhia de Bondes adotou esta prática de vender 5 bilhetes (bonds) ou passagens de uma vez. Então, por analogia com a viagem de bonde, o nome destes cupons deu nome aos vagões sobre trilhos ou "Trams". O nome se espalhou por todo o Brasil, já que o Rio era na época capital federal exercia grande influência.

Bondes, História

Click acima para ver o vídeo sobre a história dos bondes

Bondes remanescentes no mundo

A linha de Bondes de Santa Teresa, no Rio de Janeiro

Algumas outras cidades no mundo ainda mantém linhas de bondes também funcionando regularmente, não somente por motivos turísitcos, mas também porque estão incorporadas à história das cidades, como as linhas de New Orleans e de São Francisco nos Estados Unidos. As linhas e os bondes de Lisboa tem semelhanças com os bondes e linhas de Santa Teresa, não somente pelas ladeiras sinuosas mas também pela cor amarela, que atualmente é usada na pintura das composições de Santa Teresa. Eu já tive o prazer de andar nestas linhas que citei anteriormente. Santa Teresa é uma das mais pitorescas linhas de bondes do mundo, passando inclusive sobre os Arcos da Lapa e subindo e descendo ladeiras ingremes. Os bondes de São Francisco e de Lisboa também trafegam por ladeira bem inclinadas.

Evolução dos Bondes no Brasil | Marcos dos Transportes Sobre Trilhos

Antes do surgimento dos bondes, os transportes coletivos e fretados eram feitas por vehiculos tipo carroças, carruagens, e gôndolas ou diligências. Na categoria "carroças" com bancos estofados e capotas retráteis, o equivalente aos taxis dos dias de hoje seriam os "tilburies" puxadas por 1 cavalo e as "vitorias" puxadas por 2 cavalos. Na categoria do que seria o equivalente aos ônibus urbanos dos dias de hoje, existiam as "gondolas" ou "diligências" que carregavam muitos passageiros fazendo percursos fixos. Os bondes, na verdade substituiram as "diligências", ao se moverem de forma mais eficaz sobre trilhos.

1854 - Primeira Ferrovia Intermunicipal | Trem a Vapor

Em 1854, o Barão de Mauá, industrial, empresário, político banqueiro e cidadão mais rico do Brasil, construiu a primeira parte da primeira ferrovia do Brasil.

1856 - Primeira Linha de Bondes ou Ferrovia Urbana | Tração Animal

Em 1856 Thomas Cochrane, Médico escocês que também introduziu a homeopatia no Brasil e sobrinho do Almirante Cochrane, fundou a Companhia de Carris de Ferro, ligando o Centro do Rio à Boa-Vista na Tijuca com trajeto de 7km. Iniciou operações no início de 1859. A tração era animal, com carros puxados a cavalo. O empreendimento não se tornou viável, pouco receita e decorrente má conservação da linha.

Em 1861 o Barão de Mauá assumiu a companhia e substituiu os animais por locomotivas a vapor, mas a constantes descarrilamentos em função de ferrovia ruim levou ao fechamento em 1866.
Em 1870 foi comprada pela Rio de Janeiro Street Railway Co. e reformulada.

1866 | A Revolução Urbana e os Bondes | Tração Animal

O Barão de Mauá tinha também concessão para construir uma linha do Centro do Rio ao Jardim Botânico, mas devido ao fracasso da primeira linha urbana, não conseguiu levar o projeto adiante.

Tudo poderia ter ficado parado mas surgiu alguém disposto a empreender e se aventurar em outro pais. Este algúem era Charles Grenough que se apresentou ao Barão de Mauá e propós comprar a concessão, com o que Mauá aceitou. Charles Grenough era um Engenheiro norte-americano que era também gerente de uma companhia de bondes em New York e uma vez com a concessão, fundou a Botanical Garden Rail Road Co.

Grenough tinha experiência e grandes finânciadores, e o empreendimento foi um sucesso e em 1869 já havia 19 bondes circulando no Rio de Janeiro a tração animal. Em 1875 a companhia possuia 71 bondes circulando e um total de 600 animais. Logo a seguir outras companhias também entraram em operação, tanto fundadas por brasileiros como por estrangeiros.

O desenvolvimento deste meio de transporte provocou uma revolução no modo de vida e rítimo dos cariocas. Familias que viviam dentro de casa ou nos limites de seus bairros, passaram a circular movimentando o comércio. A facilidade de locomoção também proporcionou a criação e viabilização de loteamentos na zona sul, como Copacabana, Ipanema e Leblon.

1891 - A Era dos Bondes Elétricos

Em 1891 começaram a circular os primeiros bondes elétricos do Brasil. Um companhia de bondes da Tijuca com uma empresa americana para viabilizar o sistema de eletricidade. Uma usina de força termoelétrica (vapor) foi criada na Tijuca e por isto deu nome à area da Tijuca que atualmente se chama Usina.
A companhia americana, representada pelo Eng. James Mitchell também organizou o processo de eletrificação dos bondes das demais companhias.

Em 1896, foi inaugurada pela Cia Ferro Carril Carioca a substituição da tração animal dos bondes pela elétrica. Foi também inaugurada um trecho de linha sobre o antigo Aqueduto da Carioca, também conhecido como Arcos da Lapa. A passagem sobre os Arcos passou a ligar o bairro de Santa Teresa ao morro de Santo Antônio. O Morro de Santo Antonio foi demolido nos anos de 1950, mas foi construída uma nova estação no local, perto do edifício da Petrobrás.

A Estação da Rua Riachuelo que produzia a eletricidade possuia duas possantes maquinas a vapor ligadas a dínamos que produziam a eletricidade. Cada unidade produzia 200HP. A chaminé de aço da estação media 30 m de altura. As maquinas a vapos e os dinâmos eram importados.

A Era de Ouro entre 1868 e 1960

No início do século 20 surgiram os primeiros automóveis movidos a gasolina.
Depois de algum tempo surgiram as "Jardineiras" ou como eram chamados os primeiros ônibus movidos a gasolina ou diesel.
Mas os bondes elétricos continuaram como solução imbatível para o transporte coletivo.
Linhas de bondes surgiram por toda a cidade. O Rio de Janeiro foi a cidade no mundo que mais teve linhas com bondes abertos.
Na primeira metade do Século 20, as Jardineiras eram mais utilizadas para transporte intermunicipal, entre cidades não ligadas por ferrovias, ou para locais urbanos onde os bondes não chegavam.
Bondes foram o principal meio de transporte coletivo no Rio de Janeiro até 1960 conectando toda a cidade.

Década de 1960 | Fim da Era dos Bondes

1960 Fim da Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, pioneira a ter éxito no Brasil, passou a ser operada por uma empresa municipal.
1963 deixaram de circular os bondes da Zona Sul e 200 ônibus elétricos Italianos passaram a circular ligando a Zona Sul ao Centro da Cidade, operados pela CTC, companhia recém criada. Tiveram curta duração até serem substituídos por veículos a diesel.
1964 a CTC absorveu as linhas restantes e encerrou as linhas para a Zona Norte. Entre 1965 e 1967 haviam apenas duas linhas preservadas, Santa Teresa e Tijuca-Alto da Boa Vista, sendo esta última encerrada em 1967.
1967 em diante somente a linha de Santa Teresa continuou ativa.

Bondes, História no Rio de Janeiro e no Brasil

Click acima para ver o vídeo contando a história dos bondes

A Volta do Transporte Urbano Sobre Trilhos | VLT

Em algumas cidades da Europa e também dos EUA existe uma nova versão de transporte sobre trilhos chamados de VLT. Na verdade, é uma versão moderna dos antigos Trams ou Bondes de tração elétrica.

No Rio de Janeiro o VLT fez sua estreia em 2016 no Centro da Cidade, conectando o Aeroporto Santos Dumunot à Rodovíária e estação Praia Formosa, passando pela Praça da Cinelândia, Praça Mauá e região do antigo porto revitalizado. Outra linha de VLT conecta a Praça 15 à Gamboa, passando cruzando com a outra linha no Centro do Rio, junto à Confeitaria Colombo e Rua 7 de Setembro, depois passando pela Praça Tiradentes, Saara e Central do Brasil, passando também pela Rodoviária e indo até a antiga Praia Formosa, aterrada no início do Século 20.

Tipos de Bondes e Linhas

Bonde-Pé-de-Anjo

8 rodas, dois motores, dois controles, 65 passageira sentados

Bonde Cara-Dura| Segunda Classe

Carro-reboque, puxado pelo carro de primeira
classe. Passagem custava 1/2 da passagem de 1ª Classe.

Bonde Taioba| Segunda Classe

Além de passageiros, transportava mercadorias dos passageiros. Passagem custava 1/2 da passagem de 1ª Classe.

Bonde "Alegria"

Linha que ganhou fama por causa dos festejos
de carnaval. Nesta linha foi iniciado um antigo
hábito do carioca de brincar de carnaval
circulando pela cidade.

Bonde Sossega Leão

Carro fecahado do lado esquerdo, 4 motores, oito rodas, um controle, capacidade 65 passageiros sentados, carregava no total 150 a 200 passageiros por viagem, tanto no carro-motor como no carro-reboque.
Começou a ser utilizado pela LIGHT em 1936, nas Linhas 93 Ramos-Largo de São Francisco e 94 Penha-Largo de São Francisco.

Bonde Bataclã

Carro com 4 motores, oito rodas, 1 controle, capacidade 65 passageiros sentados. Utilizado em linhas mais longas, como Tijuca, Piedade, Cascadura, Penha, Ipanema, etc. Nas horas de pico, transportava 150 a 200 passageiros por viagem. Os reboques do mesmo tipo também transportavam a mesma quantidade de passageiros.

Bonde Bagageiro

Carro de carroceria fechada. Alguns com 8 rodas e 2 controles. Sua função era transportar mercadorias do antigo Mercado da Praça XV até os bairros mais distantes.

Bonde-Anibal

Capacidade 50 passageiros sentados, 4 rodas, dois controles. Usado para linhas centrais de menor percurso.

Bonde-do-Lixo

Carro-vagão fechado, 4 motres, oito rodas e dois controladores.
Utilizado para transporte de lixo.

Outros tipos de bondes

Existiram também Bonde "Posto de Saúde", Bonde para Casamento, Bonde para Batizado e etc. Um bonde luxuoso e especialmente encomendado por D.Pedro II também tem destaque na história.


Referências

  • Pesquisa em livros sobre a história e iconografia do Rio de Janeiro.